Publicações
Publicado: 12 de setembro de 2025 às 16:12

Carne bovina segue nas alturas e desafia o bolso do consumidor brasileiro

Exportações em alta, custos de produção elevados e oferta reduzida ajudam a manter os preços altos, sem previsão de alívio no curto prazo.

Nos últimos meses, ir ao açougue ou ao supermercado se transformou em um pequeno exercício de paciência e também de cálculo. A cada bandeja de carne bovina no balcão, o consumidor respira fundo, olha o preço e, muitas vezes, decide trocar o tradicional bife de alcatra por frango, ovo ou até aquela receita improvisada de legumes. A realidade é que a carne bovina continua cara no Brasil, e especialistas apontam que essa situação não deve mudar tão cedo.

Mas por que, afinal, a carne não baixa de preço? Para entender essa novela, é preciso olhar para além do açougue. A pecuária é uma cadeia complexa, e o valor final no prato está ligado a diversos fatores, desde a oferta de gado até a demanda internacional. Nos últimos anos, o Brasil vem exportando cada vez mais carne bovina, especialmente para países como a China, que se tornou o maior comprador mundial. Isso significa que boa parte da produção brasileira vai para fora, deixando menos oferta no mercado interno e, consequentemente, preços mais altos para o consumidor daqui.

Outro ponto é o custo de produção. Manter o gado no pasto ficou mais caro: ração, insumos, energia, logística, tudo sofreu reajustes. Com a seca em algumas regiões e o aumento do preço do milho e da soja, base da alimentação dos animais, o custo para o produtor subiu. E como ninguém trabalha para ter prejuízo, esse valor acaba sendo repassado até chegar ao consumidor final.

Há ainda o ciclo natural da pecuária. O chamado “ciclo do boi” alterna períodos de maior oferta e preços mais baixos com fases de escassez e preços mais altos. Hoje, vivemos justamente um momento em que a oferta de animais prontos para o abate está mais restrita, o que também pressiona os valores. Em outras palavras: não adianta reclamar para o açougueiro, porque a questão vem lá da base da produção.

Enquanto isso, a mesa do brasileiro vai se adaptando. Frango e suíno ganharam espaço nas compras, assim como os ovos, que viraram protagonistas em muitas famílias. O tradicional churrasco de fim de semana ficou mais caro e, para muitos, virou um evento especial, reservado para ocasiões importantes. No dia a dia, a criatividade reina: moída no feijão, picadinho com legumes, pratos que antes eram considerados simples agora assumem o papel de solução acessível.

Para os especialistas em economia, a expectativa é que os preços da carne bovina só comecem a se acomodar quando houver aumento da oferta interna ou redução das exportações, cenários que parecem distantes no curto prazo. Enquanto a demanda internacional seguir aquecida e os custos de produção permanecerem altos, dificilmente o preço vai cair de forma significativa.

O que resta ao consumidor, nesse momento, é equilibrar o orçamento e buscar alternativas. A boa notícia é que a culinária brasileira é rica e criativa, capaz de transformar ingredientes mais baratos em pratos saborosos e nutritivos. Ainda assim, a sensação de que a carne virou quase um “luxo” é compartilhada em muitas casas pelo país.

No fim das contas, o preço da carne bovina conta uma história maior: a de um Brasil que produz muito, exporta bastante, mas ainda luta para equilibrar sua própria mesa. Até que esse equilíbrio chegue, o jeito é se reinventar na cozinha, torcer para que os ventos do mercado mudem e, claro, aproveitar cada pedaço de carne que ainda cabe no bolso.

Fonte: mapaempresariall.com.br