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Publicado: 12 de setembro de 2025 às 16:25

China pune RedNote e reforça controle sobre plataformas digitais

Pequim exige um “ciberespaço limpo e saudável”, aplica multas milionárias e envia recado duro às empresas de tecnologia

A China voltou a demonstrar seu poder de regular a internet dentro de suas fronteiras. Desta vez, a empresa RedNote, conhecida por suas plataformas de compartilhamento de vídeos curtos e interativos, foi alvo de punições por parte das autoridades de Pequim. O motivo? Segundo o governo, a companhia teria permitido a circulação de conteúdos considerados “inapropriados” e “nocivos” para a juventude. A medida veio acompanhada de um discurso firme: é preciso manter um ciberespaço limpo, saudável e alinhado aos valores socialistas.

Essa decisão não é um caso isolado. Nos últimos anos, o governo chinês tem apertado o cerco contra empresas de tecnologia, reforçando a ideia de que, no país, a internet deve servir ao interesse coletivo, à ordem social e à formação moral da população. A punição à RedNote, portanto, é mais um capítulo de uma estratégia ampla que busca reduzir o que Pequim classifica como excesso de individualismo, consumismo e distrações digitais que prejudicam os jovens.

De acordo com comunicados oficiais, a empresa terá de pagar multas milionárias, reforçar seus sistemas de moderação e criar mecanismos mais rígidos para controlar o que é publicado. Além disso, executivos foram chamados a prestar esclarecimentos e algumas funcionalidades do aplicativo já estão suspensas. Para o governo, trata-se de uma lição exemplar, um aviso para que outras companhias de tecnologia se alinhem às diretrizes estabelecidas.

Mas a história vai além da RedNote. O caso reflete a tentativa da China de moldar a relação entre sociedade e tecnologia. Para as autoridades, não basta oferecer acesso a ferramentas digitais: é preciso garantir que o conteúdo consumido pelos cidadãos esteja em sintonia com valores culturais e políticos definidos pelo Partido Comunista. Daí vem a expressão repetida em discursos oficiais: “ciberespaço limpo e saudável”.

Enquanto para o Ocidente essa abordagem pode soar como censura, dentro da China ela é defendida como uma política de proteção social. Muitos pais, por exemplo, aprovam as limitações impostas a aplicativos de entretenimento, já que veem nelas uma forma de reduzir vícios digitais e incentivar o foco nos estudos. Em contrapartida, jovens usuários muitas vezes reclamam que a diversão está sendo cortada e que a criatividade online fica engessada.

A punição à RedNote reacendeu o debate sobre até que ponto o Estado deve intervir na vida digital das pessoas. Há quem veja nisso uma estratégia de controle político, evitando que ideias contrárias ao governo ganhem espaço. Outros argumentam que, em tempos de fake news, discursos de ódio e conteúdos nocivos, algum tipo de regulação é inevitável a diferença é que, em democracias, ela tende a ser mais flexível e com maior participação da sociedade civil.

Internacionalmente, o caso chamou atenção de analistas e empresas estrangeiras. Afinal, a China é um dos maiores mercados de tecnologia do mundo, e qualquer movimento regulatório ali pode servir de sinal para o futuro digital global. O recado de Pequim é claro: a internet não é uma terra sem lei e deve obedecer a normas culturais e políticas estabelecidas pelo governo.

No fim das contas, a punição à RedNote não é apenas sobre uma empresa, mas sobre a disputa de narrativas em torno da internet. Será que ela deve ser um espaço livre e espontâneo, com riscos inerentes à liberdade, ou um ambiente controlado, moldado por valores definidos pelo Estado? Essa é uma pergunta que ecoa não só na China, mas em todo o mundo.

Enquanto isso, milhões de jovens chineses aguardam para saber quando e como poderão voltar a usar suas redes favoritas sem tantas restrições. E o governo, firme em sua posição, reforça: diversão, sim, mas apenas dentro dos limites do que considera aceitável.

Fonte: mapaempresariall.com.br