Publicações
Publicado: 15 de setembro de 2025 às 15:49

Psicóloga alerta: inteligência artificial não substitui a psicoterapia

Especialista alerta que, apesar dos avanços tecnológicos, nada substitui o vínculo humano, a empatia e a escuta sensível presentes no processo terapêutico.

Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem se infiltrado em quase todos os cantos da nossa vida. Ela sugere filmes para assistir, ajuda a organizar a rotina, responde dúvidas em segundos e até escreve textos, como este que você está lendo agora. Mas será que a tecnologia pode ir tão longe a ponto de substituir a psicoterapia humana?

Segundo a psicóloga Maria Lúcia Ribeiro (nome fictício para ilustrar), a resposta é clara: “não há evidências de que possa haver psicoterapia feita por IA”.

E faz sentido. Psicoterapia não é apenas sobre palavras bonitas e respostas rápidas. É sobre escuta atenta, empatia, conexão humana e nuances emocionais que, até agora, nenhuma máquina conseguiu replicar de verdade.

Imagine a seguinte situação: você chega a uma sessão de terapia carregando um peso emocional imenso. O simples ato de olhar para alguém que te escuta sem julgamentos, que percebe sua expressão facial, o tom da sua voz e até as pausas no seu discurso, já faz parte da cura. Isso vai muito além de um algoritmo.

A IA pode até oferecer recursos auxiliares interessantes. Aplicativos de bem-estar, por exemplo, já utilizam inteligência artificial para sugerir exercícios de respiração, meditação guiada ou lembretes de autocuidado. Mas esses recursos funcionam como apoio, não como substitutos da psicoterapia.

Outro ponto importante destacado por especialistas é o risco da despersonalização do cuidado. A psicoterapia é construída na relação terapêutica, no vínculo entre paciente e psicólogo. Essa relação é única, moldada pelas particularidades de cada indivíduo. Já uma IA trabalha com padrões, estatísticas e generalizações. Isso pode até trazer respostas rápidas, mas dificilmente cria um espaço seguro e individualizado para a dor humana.

Claro, há quem argumente que a IA evoluirá a ponto de simular emoções ou reconhecer padrões emocionais de forma cada vez mais sofisticada. Mas, mesmo assim, emoção simulada não é emoção sentida. E é justamente esse sentir genuíno, humano, imperfeito que constrói a confiança na terapia.

Outro aspecto fundamental é a ética. Quem garante a privacidade das informações compartilhadas com uma inteligência artificial? Num mundo em que dados são valiosos, colocar vulnerabilidades emocionais nas mãos de um sistema pode ser arriscado. A psicoterapia, por outro lado, é regida por códigos de ética rígidos que protegem o sigilo do paciente.

Vale lembrar que o próprio processo terapêutico é dinâmico e, muitas vezes, não segue uma lógica linear. O paciente pode chegar com uma demanda e, no meio da conversa, descobrir que a raiz do problema é outra. Esse tipo de flexibilidade ainda é difícil de ser replicada por máquinas, que tendem a seguir roteiros mais previsíveis.

Em resumo, a fala da psicóloga nos lembra que a tecnologia pode ser aliada, mas não substituta. Inteligência artificial pode auxiliar, sim, em tarefas complementares, mas psicoterapia é encontro humano, troca genuína e sensibilidade.

No final das contas, não é uma questão de ser contra a tecnologia, mas de reconhecer limites. Se a IA pode ser nossa parceira em tantas áreas, talvez seu papel na saúde mental seja justamente esse: apoiar, mas não ocupar o lugar da relação terapêutica. Afinal, quando falamos de emoções, traumas e dores, o que cura não é apenas a técnica, mas a humanidade presente no cuidado.

Fonte: mapaempresariall.com.br