Relato de goleiro do Atlético-MG expõe assédio contra sua filha em estádio
Caso levanta debate sobre segurança, respeito e a necessidade de políticas de tolerância zero contra a violência em arenas esportivas.
O goleiro Everson, do Atlético MG, relatou um caso de importunação sexual contra a sua filha, de 13 anos. O episódio ocorreu na Arena MRV, no domingo, após o empate entre Galo e Santos, pelo Campeonato Brasileiro. O relato emocionou torcedores, profissionais da área esportiva e a população em geral. Quando a violência ultrapassa a linha do campo e afeta a família de um atleta, percebemos com maior clareza a urgência e a realidade desse problema.
Para aqueles que já estiveram em um estádio, compreendem perfeitamente a intensidade da atmosfera: cânticos entusiasmados, emoções a cada jogada, e as cores das camisetas se entrelaçando em arquibancadas que parecem vibrar com o jogo. Entretanto, essa energia não pode e não deve permitir comportamentos de violência, discriminação ou assédio. O que deveria ser uma festa do futebol tornou-se um momento de dor para uma família.
O goleiro, ao revelar a situação de maneira pública, demonstrou coragem. Discutir o assédio não é uma tarefa fácil, especialmente em locais onde a cultura do silêncio frequentemente se impõe. Entretanto, sua declaração destacou a importância de abordar a segurança em estádios, não apenas para os jogadores e suas famílias, mas também para todos os torcedores, especialmente mulheres e crianças.
Quantas vezes já testemunhamos relatos de mulheres que se afastaram dos estádios devido ao receio de olhares indiscretos, comentários de natureza sexual ou até mesmo toques indesejados em meio à torcida? O incidente que envolve a filha do atleta destaca uma realidade que, lamentavelmente, não é surpreendente para muitas mulheres torcedoras.
Episódios desse tipo destacam a necessidade de implementar políticas de tolerância zero em relação ao assédio. Isso abrange tanto iniciativas de conscientização quanto a formação de agentes de segurança e policiais que exercem suas funções nos estádios. Além disso, é fundamental estabelecer canais de denúncia que sejam acessíveis e eficientes, os quais inspirem confiança na vítima para relatar e ofereçam a certeza de que o agressor sofrerá consequências.
O futebol, que é a paixão de todos no país, não deve ser um lugar de temor. Deve ser um espaço de convivência, laços familiares e integração entre diferentes gerações. Os jovens que visitam o estádio devem retornar para suas residências com um brilho no olhar por assistirem ao time de perto, e não com cicatrizes emocionais resultantes de atos de violência.
O testemunho do goleiro é um aviso importante. Não é suficiente simplesmente se lamentar; é necessário tomar medidas. Clubes, federações, líderes e torcedores compartilham a responsabilidade de tornar os estádios ambientes de respeito. O futebol somente desempenha sua função social de maneira adequada quando consegue acolher todas as pessoas sem discriminações, sem atos de violência e sem assédio.
Ao expressar o sofrimento de sua filha, o atleta também representou milhares de mulheres que enfrentam situações parecidas, mas não encontram oportunidade ou coragem para relatar. Que este acontecimento seja um marco importante, não apenas para o Atlético-MG, mas para o futebol brasileiro, em geral.
Pois, ao final, o que todos almejamos é claro: um estádio que sirva como cenário de sonhos, e não de pesadelos.
Fonte: mapaempresariall.com.br