Mel brasileiro pode chegar a R$ 600 e revela um universo de sabores raros
Produzido por abelhas nativas em pequenas quantidades, o mel do Brasil vai muito além de adoçar receitas: carrega tradições, biodiversidade e experiências únicas para quem prova.
Quando se fala em mel, muita gente logo pensa naquele frasquinho simples comprado no mercado, geralmente usado para adoçar o chá, aliviar a garganta ou passar no pão. Mas a verdade é que o universo do mel vai muito, além disso. No Brasil, um país rico em biodiversidade e cheio de espécies de abelhas, existem variedades tão especiais que um pote pode custar até R$ 600. Isso mesmo: um alimento que parece tão comum, na realidade, pode ser considerado uma iguaria digna de colecionadores gastronômicos.
Esse valor elevado não é apenas um capricho do mercado. Ele reflete o trabalho das abelhas nativas, muitas vezes sem ferrão, que produzem um mel raro e de difícil obtenção. Ao contrário da abelha-europeia (Apis mellifera), mais comum e produtiva, algumas espécies brasileiras produzem quantidades muito pequenas de mel por ano. Para se ter uma ideia, enquanto uma colmeia de Apis pode render dezenas de quilos de mel em uma temporada, uma colmeia de jataí, por exemplo, pode fornecer menos de um litro no mesmo período. Isso transforma cada gota em um verdadeiro tesouro.
E não é apenas a quantidade que torna o mel brasileiro tão especial. Os sabores, cores e aromas variam de acordo com a florada, a espécie da abelha e até mesmo a região do país. É quase como falar de vinhos: cada tipo tem notas únicas, texturas diferentes e um conjunto de características que despertam os sentidos. O mel da tiúba, típico do Nordeste, é mais suave e costuma ter uso medicinal. Já o mel da jandaíra, produzido no sertão, é ácido e exótico, conquistando chefs e apreciadores no Brasil e no exterior. O mel dá uruçu, por sua vez, é considerado nobre, com um sabor complexo que mistura doçura e acidez na medida certa.
O curioso é que, além do sabor, esses méis também carregam histórias. Muitas comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas mantêm a criação de abelhas nativas como parte da cultura local. O manejo é artesanal, feito com cuidado e respeito ao ciclo natural dos insetos. Comprar um pote desse mel é também valorizar essas tradições e contribuir para a preservação da biodiversidade brasileira. Não é à toa que alguns consumidores estão dispostos a pagar caro: não estão adquirindo apenas um alimento, mas um pedaço da história e da natureza do país.
E, claro, há também o lado da saúde. Diversos estudos já mostraram que o mel tem propriedades antibacterianas, antioxidantes e anti-inflamatórias. No caso das abelhas nativas, muitos acreditam que seus méis sejam ainda mais potentes, usados tradicionalmente no tratamento de gripes, resfriados, inflamações e até problemas digestivos. Para muita gente, um pote de mel não é luxo: é remédio natural, passado de geração em geração.
Agora, se você ficou pensando em experimentar, vale lembrar: nem sempre o preço é acessível, mas existem opções para todos os bolsos. O mel de abelha-europeia, mais comum, continua sendo nutritivo, saboroso e ótimo para o dia a dia. Mas, se tiver a chance de provar um mel de jataí, uruçu ou jandaíra, não perca. É uma experiência sensorial que vai mudar a forma como você enxerga esse alimento tão presente na nossa mesa.
No fim das contas, o mel brasileiro é como um presente da natureza. Vai muito além de adoçar receitas: ele conecta sabores, culturas e histórias. E, quando pensamos que um simples pote pode custar até R$ 600, percebemos que estamos diante de algo raro, precioso e que merece ser valorizado. Afinal, cada colher de mel carrega não só o trabalho incansável das abelhas, mas também o cuidado humano em preservar, tradições e respeitar a riqueza do nosso país.
Fonte: mapaempresariall.com.br