Trump Abre Porta para Redução de Tarifas ao Brasil: Encontro com Lula Pode Definir Rumos Bilaterais
Donald Trump indica possibilidade de aliviar sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, em vigor desde agosto de 2025, primeiro encontro oficial com Lula marcado para domingo (26/10), na cúpula da Asean, na Malásia
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, abriu uma brecha para negociações comerciais com o Brasil ao afirmar que pode reduzir as tarifas impostas sobre produtos brasileiros "sob as circunstâncias certas". A declaração, feita nesta sexta-feira (25/10/2025), surge às vésperas do primeiro encontro oficial entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agendado para domingo (26/10), à margem da cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia. O diálogo, confirmado por ambos os líderes, pode redefinir a relação bilateral, abalada desde agosto por uma sobretaxa de 50% (base de 10% + 40% adicional) sobre importações brasileiras, justificada por Trump como resposta a um suposto déficit comercial e questões políticas, como o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Trump, em resposta a jornalistas, disse "Acredito que sim" sobre o encontro e "Sob as circunstâncias certas" ao ser questionado sobre alívio tarifário. Lula, por sua vez, afirmou que a reunião será "livre e sem vetos de assunto", com foco em provar um "equívoco" nas medidas americanas. Auxiliares do Planalto veem o diálogo como oportunidade para reorganizar laços, sem descartar abordagens a intervenções de Trump na Venezuela e Colômbia, contrárias à visão brasileira de não intervenção na América do Sul.
Contexto das Tarifas e Justificativas de Trump
As tarifas, implementadas em agosto de 2025, representam um dos maiores choques comerciais para o Brasil desde a era Trump 1.0 (2017-2021). Trump alegou um déficit comercial "injusto" com o Brasil – estimado em US$ 10 bilhões anuais, mas contestado pelo Ministério da Economia brasileiro, que aponta superávit americano de US$ 5 bilhões em serviços. Além disso, o republicano vinculou as medidas a "questões políticas", incluindo o que chamou de "censura" contra Bolsonaro e violações à liberdade de expressão de americanos em redes sociais brasileiras.
- Setores Impactados: Aço, alumínio, soja, carne e aviões (Embraer); perdas estimadas em US$ 30 bilhões anuais para exportações brasileiras.
- Vigência: Em vigor há dois meses; tarifa base de 10% + 40% adicional para "países não recíprocos".
- Reação Inicial: Brasil retaliou com sobretaxa de 25% em produtos americanos como uísque e Harley-Davidson.
| Setor Brasileiro Afetado | Valor Anual de Exportação (US$ bi) | Impacto Estimado das Tarifas |
|---|---|---|
| Aço e Alumínio | 4,5 | -20% (US$ 900 mi) |
| Soja e Derivados | 15 | -15% (US$ 2,25 bi) |
| Carne Bovina | 3 | -18% (US$ 540 mi) |
| Aviões (Embraer) | 2,5 | -25% (US$ 625 mi) |
| Total | 25 | -18% (US$ 4,5 bi) |
Foto: Lula em reunião com ministros sobre comércio exterior - Arquivo Presidencial
Encontro Lula-Trump: Agenda e Expectativas
O diálogo de domingo, intermediado por diplomacias desde setembro, será o primeiro oficial pós-eleição de Trump. Uma conversa de 30 minutos em outubro já pavimentou o terreno, com Lula solicitando revogação das sanções. O presidente brasileiro levará ministros para discutir tarifas, sanções e o "equívoco" nas alegações de déficit. Fontes do Planalto esperam "progresso concreto", mas sem otimismo excessivo, dado o histórico protecionista de Trump.
- Data e Local: 26/10/2025, Malásia (cúpula Asean).
- Duração Estimada: 45-60 minutos; sem coletiva conjunta.
- Temas Adicionais: Venezuela/Colômbia (Lula contra intervenções); migração e energia renovável.
- Histórico: Trump e Lula tiveram relações neutras na era Biden; aproximação recente via canais discretos.
Lula comentou: "Vou pedir a Trump para provar que houve equívoco". Trump, por sua vez, elogiou o Brasil como "parceiro forte", mas manteve tom firme sobre comércio "justo".
Impactos Econômicos e Reações no Brasil
As tarifas já custam R$ 22 bilhões ao Brasil em 2025 (Mdic), afetando 150 mil empregos no agro e indústria. Setores como soja (Mato Grosso) e aço (Minas Gerais) lideram perdas. O governo Lula ativou o Comitê de Compensação Econômica para mitigar, com linhas de crédito de R$ 10 bilhões para exportadores.
Reações:
- Governo: Planalto vê "porta aberta"; Itamaraty otimista com redução gradual.
- Oposição: Bolsonaro chama de "vitória pessoal" e critica Lula por "fracasso diplomático".
- Empresários: Fiesp alerta para recessão; CNA (agro) pede urgência em negociações.
Projeções de Perdas:
| Cenário | Redução Tarifária | Impacto no PIB Brasileiro |
|---|---|---|
| Manutenção Total | 0% | -0,5% (R$ 50 bi) |
| Redução Parcial (20%) | 20% | -0,3% (R$ 30 bi) |
| Revogação Total | 100% | +0,2% (R$ 20 bi ganho) |
Perspectivas e Contexto Bilateral
O encontro pode sinalizar uma trégua, mas analistas preveem barganha: Trump quer concessões em migração e defesa. Relações EUA-Brasil, com comércio de US$ 100 bilhões anuais, são cruciais para ambos. Com a posse de Trump em janeiro de 2026, o timing é estratégico para Lula.
Especialistas como o economista Monica de Bolle veem otimismo: "Circunstâncias certas" podem incluir acordos em energia e tecnologia. O Brasil, por sua vez, busca equilibrar comércio com soberania regional.
