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Publicado: 25 de outubro de 2025 às 10:13

EUA Impõem Sanções a Petro: Tesouro Acusa Presidente Colombiano de Facilitar Narcotráfico

As penalidades, baseadas na Lei Magnitsky de 2012 e na Lei FEND Off Fentanyl de 2023, visam desmantelar redes financeiras ligadas ao narcotráfico. Elas proíbem cidadãos e empresas americanas de negociarem com os sancionados, congelando ativos nos EUA

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou nesta quinta-feira (24/10/2025) sanções financeiras contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, por alegado envolvimento com o narcotráfico, marcando uma escalada inédita nas relações bilaterais. As medidas, que incluem congelamento de bens sob jurisdição americana e proibições a transações internacionais, atingem também o filho de Petro, Nicólas Petro, a primeira-dama Verónica del Socorro Alcocer Garcia e o ministro do Interior, Armando Villaneda, descritos como "facilitadores" de cartéis. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, justificou as ações afirmando que, sob Petro, a produção de cocaína na Colômbia "atingiu níveis recordes, inundando os EUA e envenenando os americanos". O episódio, que ocorre em meio a críticas mútuas sobre operações militares no Caribe, pode redefinir a cooperação antinarcóticos na região e afetar subsídios americanos à Colômbia.

As sanções foram divulgadas em comunicado oficial do Tesouro, com íntegra disponível no site da agência, e representam a primeira vez que um presidente em exercício de um aliado próximo é diretamente visado por Washington. Petro reagiu imediatamente em suas redes sociais, classificando a medida como um "paradoxo" e reafirmando sua luta histórica contra o tráfico.

Detalhes das Sanções e Alvos

As penalidades, baseadas na Lei Magnitsky de 2012 e na Lei FEND Off Fentanyl de 2023, visam desmantelar redes financeiras ligadas ao narcotráfico. Elas proíbem cidadãos e empresas americanas de negociarem com os sancionados, congelando ativos nos EUA e impedindo acesso ao sistema financeiro global.

  • Alvos Principais:
    • Gustavo Petro: Presidente desde 2022; acusado de permitir prosperidade de cartéis.
    • Nicólas Petro: Filho, investigado por lavagem de dinheiro em 2023.
    • Verónica del Socorro Alcocer Garcia: Primeira-dama; suposta facilitadora de fluxos financeiros.
    • Armando Villaneda: Ministro do Interior; ligado a decisões que beneficiariam traficantes.
  • Medidas Específicas: Congelamento de bens, proibição de vistos e restrições a transações; afeta entidades associadas.
  • Âmbito: Aplica-se a qualquer ativo sob jurisdição EUA, incluindo contas bancárias e propriedades.

 

SançãoDescriçãoImpacto Imediato
Congelamento de BensAtivos nos EUA bloqueadosPerda de acesso a US$ estimados em milhões para sancionados
Restrições FinanceirasProibição de transações com EUADificulta comércio internacional; isolamento econômico
Proibição de VistosEntrada negada nos EUALimita viagens e negociações diplomáticas
Sanções SecundáriasEntidades ligadas também punidasExpande rede de afetados, incluindo familiares e aliados

Foto: Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, durante anúncio - Arquivo Tesouro Americano

Motivos Alegados pelos EUA: Produção de Cocaína em Alta

O Tesouro atribui as sanções ao aumento exponencial da produção de cocaína na Colômbia sob Petro, que, segundo a ONU, exporta 70% da cocaína consumida globalmente. Bessent declarou: "Desde a posse de Petro, a produção de cocaína atingiu níveis recordes, inundando os Estados Unidos e envenenando os americanos". Trump, em 19/10/2025, chamou Petro de "traficante de drogas" que "incentiva a produção em massa" para vender nos EUA, causando "morte, destruição e caos".

As acusações surgem após críticas de Petro a operações militares americanas no Caribe, incluindo seis ataques desde setembro de 2025, que mataram 29 pessoas, segundo Bogotá. Os EUA negam, alegando alvos terroristas. Petro acusa Washington de "assassinatos seletivos" próximos à Venezuela.

Reações: Rebate de Petro e Ameaças de Trump

Petro, em post no X, ironizou: "Luta contra o narcotráfico durante décadas. A ameaça de Bernie Moreno se concretizou", referindo-se ao senador republicano que previu as sanções. Ele rebateu Trump: "A Colômbia nunca foi rude com os EUA, pelo contrário, amou profundamente sua cultura. Trump é rude e ignorante com a Colômbia". O governo colombiano convocou o embaixador americano para explicações e ameaça reciprocidade.

Trump respondeu: "Acabaremos com o tráfico por conta própria, e não será gentilmente", ameaçando cortar "pagamentos e subsídios em larga escala" à Colômbia, que recebe US$ 500 milhões anuais em ajuda antinarcóticos.

  • Governo Colombiano: "Paradoxo histórico"; Petro planeja discurso na ONU.
  • EUA: Bessent: "Petro não faz nada para deter o tráfico e é impopular".

Contexto: Tensões Bilaterais e Narcotráfico

As sanções ocorrem em setembro de 2025, quando os EUA cancelaram o visto de Petro por "falta de cooperação antidrogas". A Colômbia é o maior produtor mundial de cocaína (1.200 toneladas/ano, ONU 2025), com Petro priorizando redução de danos sobre erradicação forçada, gerando atritos. Em 26/09/2025, Petro participou de ato pró-Palestina na ONU, pedindo que soldados americanos desobedecessem Trump.

Relações EUA-Colômbia, aliadas desde o Plano Colômbia (2000, US$ 10 bi), azedaram com divergências sobre Venezuela e operações no Caribe (CIA, caças, submarinos).

 

AnoEvento ChaveImpacto
2022Posse de PetroAumento 20% na produção de cocaína
09/2025Cancelamento de vistoTensões diplomáticas iniciais
10/2025Ataques no Caribe29 mortes; acusações mútuas
24/10/2025SançõesCongelamento de bens; ameaça de corte de subsídios

Implicações: Economia, Diplomacia e Regional

As sanções podem custar à Colômbia US$ 1 bilhão em comércio com EUA (exportações de café, flores e petróleo), além de isolar Petro internacionalmente. Trump ameaça encerrar ajuda de US$ 500 milhões/ano, forçando Bogotá a buscar aliados como China e Rússia. Na América Latina, o episódio alarma governos de esquerda (Lula, Maduro), que veem como "interferência imperial".

Analistas preveem escalada: "Pode levar a uma guerra fria regional", alerta o think tank Wilson Center. Petro, com aprovação em 35%, usa o caso para unir base contra "imperialismo yankee".