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Publicado: 18 de novembro de 2025 às 08:57

STF publica acórdão e inicia contagem para último recurso de Bolsonaro no caso da trama golpista

Decisão unânime da 1ª Turma nega embargos iniciais; defesa tem 5 dias para novos apelos, como embargos de declaração, antes do trânsito em julgado e execução da pena de 27 anos

O Supremo Tribunal Federal (STF) publicou o acórdão da decisão unânime da 1ª Turma que negou os embargos iniciais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros seis réus no núcleo 1 da trama golpista, abrindo um prazo de cinco dias para a defesa protocolar os últimos recursos possíveis. O documento, vinculado ao Diário de Justiça Eletrônico na terça-feira (18), marca o início da contagem regressiva para o trânsito em julgado, fase em que não cabem mais apelos e a pena pode ser executada imediatamente. Bolsonaro, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão em regime fechado por tentativa de golpe de Estado, cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto e deve iniciar o cumprimento da sentença ainda este mês.

A relatoria é do ministro Alexandre de Moraes, que classificou os embargos iniciais como mero "inconformismo" com a decisão colegiada. A ministra Cármen Lúcia proferiu o voto final contra Bolsonaro. O acórdão detalha a rejeição dos recursos, sem alterar a condenação, e permite agora embargos de declaração para esclarecer obscuridades ou contradições – sem rever o mérito. Caso apresentados, Moraes pode negá-los monocraticamente se os considerar protelatórios (propositadamente protelatórios) ou submetê-los a novo julgamento colegiado.

“Os embargos manifestam inconformismo com a decisão colegiada, sem apontar omissões, contradições ou obscuridades que justifiquem sua interposição”, escreveu Moraes no acórdão.

Cronograma legal: os próximos passos na defesa de Bolsonaro

A publicação do acórdão é o marco final para recursos na 1ª Turma. Veja o que pode acontecer:

 

Recurso possívelPrazoObjetivoDecisão esperada
Embargos de declaração5 diasEsclarecer dúvidas ou contradições na decisãoMonocrática por Moraes ou colegiada
Embargos infringentes15 diasRever mérito se não houver unanimidade (Fux votou pela absolvição)Possível reabertura do julgamento
Trânsito em julgadoApós esgotamentoFim de apelos; execução da penaInício do cumprimento em regime fechado

Se os embargos forem rejeitados, o processo entra em trânsito em julgado, obrigando o cumprimento da pena. Bolsonaro, único réu com voto favorável do ex-ministro Luiz Fux (que deixou a Turma), pode explorar embargos infringentes, mas analistas veem chances baixas de reversão.

Condenações no núcleo 1: trama golpista e penas detalhadas

O núcleo 1 refere-se à articulação central para o golpe contra a democracia após as eleições de 2022. Dos oito réus, apenas o ex-ajudante de ordens Mauro Cid não recorreu – sua pena de 2 anos em regime aberto já transitou em julgado, permitindo início do cumprimento com benefícios de delação premiada estendidos à família e proteção da PF. As condenações, todas em regime inicial fechado, incluem:

 

RéuPena de prisãoMulta (dias-multa)Regime inicial
Jair Bolsonaro (PL)27 anos e 3 meses124 (2 salários mínimos cada)Fechado
Walter Braga Netto26 anos100 (1 salário mínimo cada)Fechado
Alexandre Ramagem16 anos, 1 mês e 15 dias50 (1 salário mínimo cada)Fechado
Almir Garnier Santos24 anos100 (1 salário mínimo cada)Fechado
Anderson Torres24 anos100 (1 salário mínimo cada)Fechado
Augusto Heleno21 anos84 (1 salário mínimo cada)Fechado
Paulo Sérgio Nogueira19 anos84 (1 salário mínimo cada)Fechado
Mauro Cid2 anosRessarcimento de bensAberto

As multas são calculadas com base no salário mínimo vigente na época dos fatos (2022-2023).

Contexto e reações: fim de uma saga judicial

A condenação de Bolsonaro, em outubro de 2025, foi a primeira por tentativa de golpe em uma democracia moderna, com base em provas como reuniões golpistas, minutas de decreto para intervenção no TSE e pressão sobre comandantes militares. A defesa alega "perseguição política", mas o STF manteve a decisão unânime. Cid, delator, colaborou com áudios e documentos que incriminam o grupo.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) e aliados de Lula veem o acórdão como "vitória da democracia". O PL, partido de Bolsonaro, planeja recursos, mas fontes internas admitem que o trânsito em julgado é iminente. Com a publicação, o caso avança para execução, possivelmente transferindo Bolsonaro para uma penitenciária federal.

O episódio reforça o papel do STF em crimes contra o Estado de Direito, em meio a polarização pré-eleitoral de 2026.