Logística moderna impulsiona agronegócio brasileiro: conectividade e previsibilidade como chaves para eficiência e expansão de mercados
Transporte rodoviário responde por 54% do escoamento de grãos, mas tecnologia otimiza rotas e reduz custos
Em um setor que representa 27% do PIB brasileiro, a logística moderna emerge como diferencial estratégico para o agronegócio, integrando tecnologia para otimizar rotas, garantir previsibilidade e expandir mercados globais. Com 54,2% da produção de grãos escoada por transporte rodoviário, segundo levantamento do Esalq-LOG e do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) de janeiro de 2025, o Brasil enfrenta desafios como atrasos e custos elevados, mas soluções digitais prometem transformar a cadeia produtiva, reduzindo vazios em rotas e assegurando a chegada de insumos no momento certo.
André Pimenta, CEO da transportadora digital Motz, que conecta cargas e motoristas com mais de 100 mil profissionais cadastrados, enfatiza que a logística vai além do simples frete: "Hoje, esse segmento é um elemento-chave para o crescimento da cadeia produtiva, pois vai além do simples transporte, utilizando tecnologia para otimizar rotas, evitar imprevistos e consequentemente garantir mais segurança nas operações. Com monitoramento de carga em tempo real e processos automatizados, garantimos que os produtos cheguem ao destino sem atrasos e com qualidade, tornando toda a operação mais eficiente."
A companhia ampliou sua atuação no agro no último ano, investindo em ferramentas que facilitam o fluxo de documentos e a contratação ágil, alinhando-se à demanda por escala e eficiência.
Desafios logísticos no agro: dependência de rodovias e pressão por prazos
O agronegócio brasileiro, líder mundial em exportações de soja, café e carne, depende excessivamente de estradas para o escoamento da safra, o que expõe produtores a riscos como congestionamentos, furtos e variações climáticas. Além disso, o abastecimento de insumos – fertilizantes, sementes e defensivos – deve ocorrer em janelas precisas de plantio e colheita, sob pena de perdas de até 20% na produtividade, segundo a Embrapa.
A Motz identifica três pilares para superar esses obstáculos, baseados em aprendizados operacionais:
| Pilar | Descrição | Benefício principal |
|---|---|---|
| Eficiência operacional e conectividade | Ferramentas digitais para otimizar rotas e evitar retornos vazios, integrando motoristas e cargas | Redução de custos em até 30% e agilidade na contratação |
| Previsibilidade e agilidade | Monitoramento em tempo real e planejamento baseado em dados para antecipar desafios | Sincronização entre plantio, colheita e entregas de insumos |
| Expansão de mercado | Conexão de produtores a compradores distantes, com entregas seguras e eficientes | Acesso a 200 novos mercados internacionais em 2023-2025 (Ministério da Agricultura) |
"Um produto bem produzido precisa chegar ao destino de forma eficiente e segura, e isso só é possível com a operação bem estruturada", reforça Pimenta.
Expansão global: logística como motor de novos horizontes
Entre 2023 e 2025, o Brasil abriu 200 novos mercados internacionais, alcançando cerca de 60 países em todos os continentes, incluindo Angola, Rússia e Coreia do Sul, conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A logística moderna é essencial para isso: a previsibilidade permite cumprir prazos contratuais rigorosos, enquanto a conectividade digital aproxima embarcadores de compradores, reduzindo barreiras geográficas.
Pimenta destaca que "a crescente digitalização aproxima a logística do ritmo do agro, em que o embarcador tem a necessidade do acompanhamento de carga em tempo real, com visão mais clara dos processos e garantia de segurança em cada etapa da entrega." Para o abastecimento, a eficiência logística sustenta o equilíbrio produtivo: "A logística que garante o abastecimento no momento certo sustenta o equilíbrio entre o plantio e a colheita, sendo tão estratégica quanto o próprio escoamento da produção."
Perspectivas: integração digital e sustentabilidade no horizonte
O CEO da Motz prevê que, nos próximos anos, o agronegócio se consolide com cadeias "cada vez mais conectadas, integração digital e uma busca constante por eficiência e práticas conscientes." O papel da logística será central nessa transformação, alinhando-se à agenda de sustentabilidade do setor, que busca reduzir emissões em 50% até 2030 via biocombustíveis e rotas otimizadas.
Para produtores, investir em parcerias logísticas digitais é crucial: além de cortar custos, elas abrem portas para exportações e mitigam riscos climáticos, como secas no Centro-Oeste. O Brasil, com safra recorde de 320 milhões de toneladas de grãos em 2025, depende dessa evolução para manter a liderança global.
