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Publicado: 19 de novembro de 2025 às 08:55

Pacheco avisa Lula que encerra carreira política em 2026: PT corre atrás de plano B em Minas Gerais

Senador do PSD informa decisão em jantar no Alvorada; Lula lamenta perda de 'cabo eleitoral' e cobra reflexão, enquanto petistas buscam alianças para substituir Pacheco na sucessão de Zema

O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante jantar no Palácio do Alvorada na segunda-feira (17), que encerrará sua carreira política em 2026, ao fim de seu mandato no Senado, retornando à advocacia. A revelação, confirmada por fontes do Planalto, frustra planos do PT de contar com o mineiro como 'cabo eleitoral' na eleição para governador de Minas Gerais, estado com mais de 16 milhões de eleitores e termômetro para a reeleição de Lula. Pacheco, que foi presidente do Senado até fevereiro de 2025, prioriza uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), mas foi preterido na indicação de Lula para substituir Luís Roberto Barroso, com o nome de Jorge Messias (AGU) avançando no processo.

A decisão ocorre em meio a articulações para 2026, onde Pacheco era o principal aliado de Lula para suceder o governador Romeu Zema (Novo MG), graças a seu perfil moderado e conexões com prefeitos de direita e centro. Sem ele, o PT acelera buscas por um 'plano B', definindo alianças ainda este ano para evitar dispersão em um estado estratégico para a campanha presidencial.

“Pacheco é um ativo importante em Minas, com apelo amplo. Lula entendeu a decisão, mas pediu que ele refletisse e consultasse sua base antes de fechar as portas”, revelou um interlocutor presidencial, sob condição de anonimato.

Razões de Pacheco: sonho frustrado no STF e volta às raízes

Formado em Direito e em primeiro mandato como senador (eleito em 2018), Pacheco sempre sonhou com uma cadeira no STF. Considerado para a vaga de Barroso – que assume a presidência do TCU em 2026 –, ele foi superado por Messias, procurador-geral da União e jurista de confiança de Lula. A decepção, somada ao desgaste de anos na política partidária, levou à escolha pela saída: "Quero voltar à advocacia, onde comecei, e focar na família", confidenciou o senador a aliados, segundo fontes do PSD.

Pacheco, que presidiu o Senado de 2021 a 2025 com equilíbrio entre governo e oposição, mantém bom trânsito em Minas, onde apoia prefeitos de 80% dos municípios. Sua ausência complica o PT, que via nele um contraponto ao bolsonarismo local e uma ponte para o centro-direita.

Plano B do PT: Kalil na mira, mas alianças em xeque

O PT mineiro, liderado pelo deputado federal Reginaldo Lopes, reage com urgência: reuniões internas definem um 'plano B' até dezembro, priorizando nomes com apelo estadual. A prefeita de Contagem, Marília Campos (PT), declinou a candidatura por motivos de saúde, abrindo espaço para o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PDT), que se reúne com o ministro das Comunicações, Edinho Silva (PT), na próxima semana para discutir apoio petista.

Outras opções em estudo incluem o deputado federal Fábio Ramalho (MDB) e o senador Alexandre Silveira (PSD), mas Kalil desponta como favorito por sua gestão popular em BH (2017-2020) e críticas ao bolsonarismo. Zema, reeleito em 2022 com 55% dos votos, é o adversário principal, com o Novo MG já articulando coligações de centro-direita.

 

Nome potencialPartidoPontos fortesDesafios
Alexandre KalilPDTPopularidade em BH; crítico de Zema e BolsonaroHistórico de rompimentos com PT
Fábio RamalhoMDBBase em interior mineiroPerfil conservador pode afastar esquerda
Alexandre SilveiraPSDLigado a Pacheco; bom trânsito no SenadoDependência de aliança com PSD enfraquecido

Minas, com seu eleitorado pulverizado (PT em 12%, Novo em 10%, segundo Datafolha 2024), é decisivo: Lula venceu por margem estreita em 2022 (51% x 49%), e uma derrota petista no governo estadual enfraqueceria sua reeleição.

Contexto político: 2026 como divisor de águas

A conversa no Alvorada reflete o pragmatismo de Lula: apesar da decepção, o presidente valoriza Pacheco como articulador, especialmente após sua mediação em reformas fiscais. O senador, que apoiou Lula em pautas econômicas, mantém distância do bolsonarismo, mas sua saída abre flanco para o PL mineiro fortalecer Zema.

Analistas veem o episódio como sinal de instabilidade no campo de centro: sem Pacheco, o PT precisa de alianças amplas em Minas para repetir o feito de 2022. O PSD, partido de Pacheco, negocia com o governo, mas pode migrar para a oposição se não houver retaliações.

Para Lula, que sonha com reeleição em 2026, Minas é o "calcanhar de Aquiles": perder o estado seria um revés simbólico. Com o 'plano B' em curso, o Planalto aposta em Kalil para unir esquerda e centro-esquerda.