Padre na Espanha celebra missa com bandeira LGBT no altar e provoca protestos de fiéis
Evento em Sevilha gera acusações de "abuso litúrgico" e carta ao Vaticano; Igreja Católica investiga inclusão de símbolos em cerimônia
Um padre espanhol gerou polêmica ao celebrar uma missa com uma bandeira LGBT posicionada no altar principal, em meio a protestos de fiéis que acusaram o ato de "acolher o pecado" e "traição". O episódio ocorreu no sábado (15) na Igreja de Santa María la Real, em Sevilha, e reflete tensões crescentes na Igreja Católica entre inclusão de minorias e tradição litúrgica. A associação católica Orate, que solicitara a missa em memória de jovens falangistas mortos na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), denunciou o padre Francisco Javier Rodríguez por "abusos litúrgicos" e enviou uma carta à arquidiocese local e ao Vaticano, pedindo investigação e providências.
O padre Rodríguez defendeu a decisão, citando mensagens do Papa Francisco sobre integração de todos na Igreja. A controvérsia ganhou repercussão internacional, com debates sobre o equilíbrio entre acolhimento e doutrina católica em um contexto de crescente visibilidade LGBTQIA+ na Europa.
“Se a Igreja é de todos, também é deles [da Orate]. Não recusei a missa fúnebre; informei que não poderia haver manifestações políticas”, afirmou Rodríguez em entrevista ao jornal espanhol ABC, negando acusações de recusa inicial ao pedido da associação.
O que aconteceu na missa: de memória aos falangistas a protestos acalorados
A Orate havia solicitado uma missa fúnebre em homenagem a jovens falangistas – aliados do ditador Francisco Franco durante a Guerra Civil –, mas a arquidiocese negou o pedido por risco de politização do ato religioso. Apesar disso, a celebração prosseguiu com a bandeira LGBT no altar, o que provocou reações imediatas dos fiéis presentes. Um representante da Orate foi gravado gritando:
“O primeiro culpado é você, que está acolhendo o pecado nesta missa. Você é um traidor!”
O incidente durou minutos, com vaias e interrupções, mas a missa continuou. A bandeira, símbolo de orgulho LGBTQIA+, foi colocada ao lado do crucifixo, gerando acusações de desrespeito à liturgia católica tradicional. A Orate alega que o ato viola normas eclesiais, pedindo ao Vaticano análise de "abusos litúrgicos".
Reações da Igreja e opinião pública: divisão entre inclusão e tradição
A arquidiocese de Sevilha confirmou o recebimento da denúncia e iniciou uma investigação interna, sem comentar publicamente até o momento. O Vaticano, via Sala de Imprensa, limitou-se a dizer que "acompanhará o caso conforme as normas canônicas". Líderes católicos conservadores na Espanha, como o bispo emérito Juan Antonio Reig Plà, criticaram o episódio como "profanção do sagrado", enquanto grupos progressistas, como a Rede Europeia de Igrejas Inclusivas, defenderam Rodríguez:
“A bandeira representa amor e inclusão, alinhada à mensagem do Papa Francisco de uma Igreja de portas abertas.”
Nas redes sociais, a opinião pública se divide: comentários no artigo da Revista Oeste chamam o padre de "pervertido" e acusam a Igreja de "tomada por influências modernas", enquanto outros veem no ato um avanço contra o conservadorismo. A Orate, conhecida por sua linha tradicionalista, usa o caso para pressionar por reformas na liturgia espanhola.
| Grupo | Reação principal | Ação tomada |
|---|---|---|
| Associação Orate | "Abuso litúrgico e acolhida ao pecado" | Carta ao Vaticano e arquidiocese |
| Padre Francisco Rodríguez | "Inclusão para todos, sem politização" | Defesa em entrevista ao ABC |
| Conservadores católicos | "Profanação do altar e traição à doutrina" | Críticas públicas e petições online |
| Grupos LGBTQIA+ progressistas | "Símbolo de amor e portas abertas" | Apoio nas redes e defesa papal |
Contexto e implicações: tensão litúrgica na Igreja espanhola
A Espanha vive debates intensos sobre inclusão LGBTQIA+ na Igreja, impulsionados pelo Sínodo sobre a Sinodalidade (2023-2024), que discute acolhimento sem alterar dogmas. O Papa Francisco, em 2023, aprovou bênçãos para casais do mesmo sexo em contextos pastorais, mas vetou mudanças litúrgicas formais. Em Sevilha, epicentro de conservadorismo católico, o episódio ecoa controvérsias como a missa com drag queen em Madri (2024), que levou a sanções eclesiais.
Analistas veem o caso como reflexo de polarização global: enquanto a Igreja na Europa avança em inclusão (com 20% de paróquias adotando linguagem acolhedora, segundo Pew Research), grupos tradicionais resistem, temendo perda de fiéis jovens. Para a Orate, o incidente reforça a luta contra "modernismos"; para ativistas, é um passo para uma Igreja mais diversa.
A investigação vaticana pode resultar em advertência ou suspensão ao padre, mas sem prazo definido. O episódio destaca: em uma Igreja de 1,3 bilhão de fiéis, símbolos como bandeiras podem unir ou dividir altares.
