Tarifaço dos EUA: Trump reduz tarifas sobre 50 produtos do agro brasileiro; veja lista completa de beneficiados
Carnes bovinas, café, frutas tropicais e sucos voltam a competir sem taxa extra de 40%; anúncio alivia exportadores e consumidores americanos
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira (20) a remoção das tarifas adicionais de 40% sobre mais de 50 produtos agrícolas brasileiros, beneficiando exportadores do agro em um alívio imediato para setores como carne, café e frutas. A medida, formalizada por determinação executiva, entra em vigor imediatamente e representa um avanço nas negociações bilaterais com o Brasil, mas não extingue o "tarifaço" por completo – taxas recíprocas de 10% sobre importações globais persistem, e o diálogo continua para um acordo amplo. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, celebrou o passo como "vitória do diálogo franco", destacando o papel da equipe brasileira, incluindo o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Trump justificou a redução para aliviar a inflação de alimentos nos EUA, onde preços subiram 2,7% em 2025, impulsionados por escassez interna e dependência de importações. O Brasil, quarto maior fornecedor de alimentos aos EUA (US$ 7,4 bilhões em 2024), ganha competitividade imediata: exportações de café caíram 47% em setembro devido às tarifas, e carnes bovinas enfrentavam estoques encalhados.
“É uma grande notícia para nossos produtores e para os consumidores americanos. O diálogo com Trump foi essencial, e isso abre portas para mais avanços no comércio bilateral”, afirmou Lula, após conversa com o republicano na Casa Branca, onde Trump prometeu "outra grande notícia" na sexta (21).
Lista completa de produtos beneficiados: foco em carnes, café e frutas tropicais
A remoção das tarifas de 40% abrange itens essenciais do agro brasileiro, restaurando acesso ao mercado americano sem barreiras extras. Veja a categorização principal:
| Categoria | Produtos principais beneficiados | Impacto estimado |
|---|---|---|
| Carnes bovinas | Carcaças e meias-carcaças, cortes com osso, cortes sem osso, "high-quality beef", miúdos bovinos, carne salgada/curada/seca/defumada | Brasil fornece 23% do consumo americano; alívio para escassez interna |
| Frutas e vegetais | Tomate (sazonal), coco (fresco/desidratado/carne/água), lima Tahiti/Pérsia, abacate, manga, goiaba, mangostim, abacaxi (fresco/processado), papaya (mamão), raízes tropicais (mandioca) | US$ 56 mi em exportações de frutas em 2024; fim de cancelamentos de pedidos |
| Café e derivados | Café verde, torrado, descafeinado, cascas/películas ("husks and skins"), substitutos com café | 33% das importações americanas; queda de 47% revertida |
| Chá, mate e especiarias | Chá verde/preto, erva-mate, pimentas (piper/capsicum/paprika/pimenta-jamaica), noz-moscada, cravo, canela, cardamomo, açafrão, gengibre, cúrcuma, misturas de especiarias | Nicho premium; expansão para erva-mate brasileira |
| Castanhas e sementes | Castanha-do-pará, de caju, macadâmia, nozes pignolia, sementes (coentro/cominho/anis/funcho) | Economia amazônica impulsionada; castanha-do-pará em alta |
| Sucos de frutas | Suco de laranja (várias classificações), limão/lima, abacaxi, água de coco, açaí (polpas/preparados) | Líder em sucos cítricos; alívio para estoques de açaí |
| Produtos de cacau | Amêndoas de cacau, pasta/manteiga/pó de cacau | Crescimento de 15% em exportações processadas |
| Produtos processados | Polpas de frutas, geleias/pastas/purês, palmito, tapioca, féculas/amidos, preservados em açúcar/vinagre | Diversificação para alimentos prontos |
| Fertilizantes | Ureia, sulfato/nitrato de amônio, misturas NPK, fosfatos (MAP/DAP), cloreto de potássio (KCl) | Essencial para safra brasileira; redução de custos de produção |
A lista totaliza mais de 50 itens, priorizando produtos de alto volume como café (um terço das importações americanas) e carnes (23% do consumo nos EUA).
Contexto das negociações: de tarifaço a alívio parcial
O tarifaço de 40% foi imposto em julho de 2025, motivado pela insatisfação de Trump com o julgamento de Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos por tentativa de golpe. Isso incluiu sanções via Lei Magnitsky contra autoridades como Alexandre de Moraes (STF). Desde setembro, diálogos entre Lula e Trump – incluindo conversa na Casa Branca – reaqueceram as tratativas. A redução de 40% é o primeiro passo concreto, mas as tarifas recíprocas de 10% sobre importações globais permanecem, com expectativa de acordo provisório até novembro.
Fávaro destacou:
“Isso representa um avanço significativo na relação bilateral, devolvendo competitividade aos nossos produtos e beneficiando os consumidores americanos com preços mais acessíveis.”
A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) estima recuperação de US$ 1 bilhão em exportações anuais. Para os EUA, alivia a escassez de gado (menor rebanho em 74 anos) e inflação de alimentos.
Implicações: otimismo no agro, mas desafios à frente
Para o Brasil, quarto fornecedor de alimentos aos EUA, a medida impulsiona a safra 2025/26 (320 milhões de toneladas de grãos). Exportadores de frutas tropicais, como açaí e mandioca, ganham fôlego em nichos premium. Economistas veem o anúncio como sinal de pragmatismo trumpista ante eleições de meio de mandato em 2026.
No entanto, o tarifaço judicial persiste, com sanções a Moraes em vigor. Lula aposta em mais rodadas para zerar barreiras, fortalecendo o agro como pilar da economia (27% do PIB).
