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Publicado: 22 de novembro de 2025 às 08:54

Vigília de oração por Bolsonaro teria motivado prisão preventiva do ex-presidente, diz PF

Flávio Bolsonaro convocou apoiadores para rezar pela saúde do pai em condomínio de Brasília; Moraes aceita pedido da PF por risco à ordem pública, em meio a prisão domiciliar por coação

A Polícia Federal (PF) pediu a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alegando que uma vigília de oração convocada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para apoiadores rezarem pela saúde do pai colocaria em risco a ordem pública. O pedido foi aceito pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) na noite de sexta-feira (21), resultando na detenção de Bolsonaro às 6h40 de sábado (22), em seu condomínio em Brasília. A medida cautelar não se relaciona à pena de 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado – que aguarda trânsito em julgado –, mas visa preservar restrições impostas em inquérito por coação, sob as quais Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde agosto.

Bolsonaro foi levado à Superintendência da PF para exame de corpo de delito e ficará em uma sala de Estado, reservada a autoridades de alto escalão. Moraes determinou que policiais não usem algemas, evitem exposição midiática e decidam sobre uniforme e armas; após o cumprimento, a PF deve comunicar o STF.

“A vigília, mesmo pacífica, representava potencial aglomeração que poderia descumprir as cautelares impostas, ameaçando a ordem pública e a efetividade das restrições”, informou a PF em nota, destacando que o ato foi convocado sem menção a baderna, mas com risco de escalada.

Vigília de Flávio: oração pela saúde ou risco à ordem?

Flávio Bolsonaro convocou a vigília para sábado (22), pedindo orações pela saúde do pai, que já cumpria prisão domiciliar há 100 dias por decisão de Moraes na Petição 14.129 (investigação de coação no curso do processo). O senador alegou preocupação com o bem-estar de Jair, sem indícios de protesto político. No entanto, a PF argumentou que a concentração de apoiadores no condomínio poderia violar proibições como ausência de visitas (exceto advogados) e manifestações em redes sociais – inclusive por terceiros.

A prisão preventiva, prevista no Código de Processo Penal (art. 312), é temporária e pode ser revogada. Bolsonaro, que não resistiu à abordagem, passa por interrogatório inicial. Sua defesa, liderada por Fábio Wajngarten, prepara habeas corpus imediato, alegando "ilegalidade" e "ausência de risco concreto".

 

AspectoDetalhes
Convocação da vigíliaPor Flávio Bolsonaro, para oração pela saúde de Jair
Risco alegado pela PFAglomeração que viola cautelares de domiciliar
Decisão de MoraesAceita pedido na noite de 21/11; sem algemas ou exposição
Local da prisãoCondomínio em Brasília; transferido à Superintendência da PF
Duração da domiciliar prévia100+ dias, desde agosto, por coação (sem denúncia contra Jair)

Reações: apoio bolsonarista e críticas à "perseguição judicial"

Apoiadores de Bolsonaro mobilizaram-se imediatamente no X (antigo Twitter), com a hashtag #LiberdadeJairBolsonaro nos trends. Leitores da Revista Oeste expressaram indignação:

“Injustiça tamanha. Nem rezar mais pode. Deus proteja o presidente”, escreveu um usuário. “O STF persegue até orações. Aqui se faz, aqui se paga? Não, aqui se persegue”, comentou outro.

O PL convocou reunião de emergência para a tarde de sábado, com Valdemar Costa Neto coordenando a defesa. Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que cumpre prisão domiciliar nos EUA pelo mesmo inquérito, chamou a prisão de "golpe". O governo Lula manteve silêncio, com fontes do Planalto afirmando que a decisão é "puramente judicial".

Críticos, como o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP), ironizaram: "Orar pelo golpista agora é risco à ordem pública? Justiça seletiva".

Contexto judicial: de domiciliar a preventiva em saga golpista

A prisão preventiva soma-se à sentença de outubro pela 1ª Turma do STF, por tentativa de golpe, com pena em regime fechado aguardando trânsito em julgado (rejeição de embargos de declaração; embargos infringentes pendentes). A domiciliar, de agosto, decorre de coação no processo, sem denúncia formal contra Jair. O inquérito apura atos antidemocráticos pós-2022, com provas como minutas de intervenção no TSE.

Analistas veem endurecimento do STF contra ameaças à democracia pré-2026. A defesa aposta em revogação rápida, mas Moraes pode manter a medida até avaliação de risco.

Atualizações virão com o habeas corpus e possível decisão colegiada.