Kombucha explode no Brasil: produção cresce quase 1.000% em cinco anos e vira aposta do agro para saúde e inovação
Bebida fermentada, rica em probióticos, passa de nicho a mercado de R$ 500 milhões; demanda por opções naturais impulsiona agro com chá, frutas e ervas
A produção de kombucha no Brasil registrou um crescimento de quase 1.000% em cinco anos, passando de um mercado incipiente para um setor avaliado em R$ 500 milhões em 2025, segundo dados da Associação Brasileira de Kombucha (ABK). A bebida fermentada de chá, conhecida por benefícios como melhora na digestão e reforço imunológico, conquistou consumidores preocupados com saúde pós-pandemia, impulsionando o agronegócio com demanda por insumos como chá verde, frutas orgânicas e ervas nativas. De startups artesanais a indústrias, o kombucha representa inovação sustentável, mas enfrenta barreiras regulatórias e logísticas para escalar.
O boom reflete uma tendência global de bebidas funcionais: o Brasil, com safra de chá em expansão no Sul e Sudeste, se posiciona como polo na América Latina. A ABK estima 200 produtores ativos, concentrados em SP (45%), RJ (20%) e RS (15%), com exportações iniciais para EUA e Europa somando R$ 20 milhões em 2024.
“O crescimento de 900% a 1.000% vem da conscientização sobre saúde intestinal e bem-estar. O agro se beneficia com cultivos diversificados, como chá matcha e frutas exóticas, criando uma cadeia sustentável”, afirma Fernanda Almeida, presidente da ABK, em entrevista à Revista Oeste.
Crescimento explosivo: de nicho a R$ 500 milhões em vendas
Lançada no Brasil nos anos 2010 como produto artesanal, a kombucha saltou de 50 mil litros produzidos em 2020 para mais de 500 mil litros em 2025, com faturamento projetado em R$ 500 milhões. O mercado de bebidas funcionais, que inclui kombucha, cresceu 25% ao ano desde 2022, segundo a Euromonitor. Grandes players como Ambev e Coca-Cola investem em linhas próprias, enquanto microempresas dominam 70% da produção artesanal.
Estatísticas chave:
| Ano | Produção (mil litros) | Faturamento (R$ milhões) | Crescimento anual (%) |
|---|---|---|---|
| 2020 | 50 | 20 | - |
| 2022 | 200 | 100 | 300 |
| 2024 | 450 | 400 | 125 |
| 2025 (proj.) | 500+ | 500 | 25 |
A expansão é puxada por e-commerce (40% das vendas) e supermercados premium, com marcas como Kombucha Brasil e Felicia liderando.
Razões do boom: saúde, tendências e oportunidades no agro
O crescimento é impulsionado por três fatores principais:
- Benefícios à saúde: Rica em probióticos, ácidos orgânicos e antioxidantes, a kombucha ajuda na digestão, desintoxicação e equilíbrio do microbioma intestinal. Estudos da USP mostram redução de 20% em sintomas de ansiedade em consumidores regulares. Pós-Covid, a busca por imunidade natural dobrou as vendas.
- Tendências de consumo: Millennials e Gen Z (70% dos compradores) preferem bebidas low-carb, sem álcool e veganas. O kombucha, com 0,5% de álcool e sabores inovadores (hibisco, gengibre), atende ao "wellness" global, com crescimento de 150% em redes sociais.
- Oportunidades no agro: A produção exige chá (demanda por 1 tonelada/mês em indústrias médias), frutas (manga, abacaxi) e ervas (hortelã, camomila), fomentando cultivos orgânicos no Nordeste e Sul. A ABK projeta 10 mil hectares dedicados até 2030, gerando 5 mil empregos diretos.
Almeida destaca:
“O agro ganha com diversificação: de chá em SP a frutas no NE, o kombucha cria valor agregado e sustentabilidade, reduzindo desperdício de safras.”
Desafios: regulamentação e escala para o mercado massivo
Apesar do otimismo, barreiras persistem:
- Regulamentação: A Anvisa classifica como "bebida não alcoólica fermentada", mas exige rótulos claros sobre álcool residual (até 0,5%), gerando multas para 20% das microempresas. Falta de normas para probióticos vivos complica exportações.
- Escala e custo: Produção artesanal domina (80%), mas indústrias enfrentam fermentação instável e custos de insumos (chá importado sobe 15% ao ano). Logística para refrigeração limita alcance rural.
- Concorrência global: Marcas como GT's (EUA) entram no Brasil, pressionando preços (média R$ 15/garrafa de 300ml).
A ABK cobra incentivos fiscais para agro-kombucha, como redução de IPI em insumos.
Futuro: projeções de R$ 1 bilhão até 2030 e expansão agro
A ABK estima dobrar a produção para 1 milhão de litros em 2027, com faturamento de R$ 1 bilhão até 2030, impulsionado por exportações (meta de 20% do mercado) e inovações como kombucha com CBD ou kefir híbrido. O agro se beneficia com cultivos dedicados, criando 20 mil empregos indiretos em cadeias de chá e frutas.
Para Almeida, o kombucha é "o novo vinho brasileiro": acessível, saudável e exportável. Consumidores, busquem marcas certificadas para probióticos reais. O boom continua – saúde em garrafa!
