Leoa que matou invasor em zoológico de João Pessoa está bem, diz veterinário

Animal foi reconduzido ao recinto sem tranquilizantes após estresse do ataque; parque segue normas do Ibama, mas invasão de homem escalando muro de 6 metros gera investigação e solidariedade à família da vítima

A leoa que atacou e matou um homem não identificado durante uma invasão ao seu recinto no Parque Zoobotânico Arruda Câmara (Bica), em João Pessoa (PB), está bem, conforme avaliação de um veterinário do parque. O felino, que ficou em alto nível de estresse e choque após o episódio, foi reconduzido à sua área segura sem o uso de dardos tranquilizantes, graças a um treinamento gradual e anual que garantiu obediência a comandos. O parque, um dos mais antigos do Nordeste, foi fechado imediatamente após o incidente para procedimentos de segurança e remoção do corpo, com a Secretaria de Meio Ambiente de João Pessoa (Semam) iniciando apuração das circunstâncias em colaboração com autoridades policiais.

O homem, cuja identidade ainda não foi divulgada, escalou uma parede de mais de 6 metros, ultrapassou grades de proteção e acessou uma árvore para entrar no recinto da leoa, ignorando tentativas de impedimento por equipes de segurança. O ataque resultou em ferimentos fatais, e a prefeitura manifestou solidariedade à família da vítima, reforçando que as medidas de segurança excedem as normas técnicas do Ibama.

“Apesar de toda a segurança existente e do atendimento às normas técnicas, a invasão do homem foi insistente, culminando no episódio lamentável. Nossa solidariedade à família”, informou a Prefeitura de João Pessoa em nota oficial.

Recondução da leoa: treinamento salva o animal de estresse extra

O veterinário responsável pelo parque destacou que a leoa, apesar do choque inicial, não sofreu lesões físicas e está se recuperando em seu habitat. O treinamento, realizado anualmente, permitiu que o animal respondesse a comandos verbais e visuais dos tratadores, evitando intervenções químicas que poderiam agravar o estresse. O recinto segue instruções normativas do Ibama para proteção de população, profissionais e animais, com altura de segurança superior em mais de 2 metros à exigida e borda negativa de 1,5 metro para impedir fugas.

A Semam confirmou o óbito da vítima devido aos ferimentos causados pela leoa e iniciou investigações para esclarecer as motivações da invasão. Equipes de segurança relataram que tentaram impedir a ação, mas o homem agiu de forma rápida e determinada.

Contexto do parque e medidas de segurança

O Bica, inaugurado em 1959, é um dos principais espaços de conservação e educação ambiental na Paraíba, abrigando mais de 400 animais em 320 mil m². Apesar do incidente isolado, o parque atende rigorosamente às normas do Ibama, com barreiras múltiplas e monitoramento 24 horas. Especialistas em bem-estar animal, como o biólogo Marcelo Rheingantz, destacam que invasões a recintos selvagens são raras, mas perigosas para humanos e animais:

“Treinamentos como o da leoa salvam vidas. O estresse em felinos pode levar a problemas de saúde crônicos, mas aqui foi evitado com expertise local.”

A prefeitura reabriu o parque parcialmente na tarde de domingo (30), com foco em áreas seguras, e prometeu reforço em protocolos de segurança. A família da vítima recebe apoio psicológico, e a investigação policial prossegue para identificar possíveis motivações, como suicídio ou protesto.

O episódio reforça debates sobre segurança em zoológicos brasileiros, com o Ibama cobrando auditorias nacionais. Para visitantes, o Bica permanece um espaço educativo, mas com lição dura: respeitar as barreiras salva vidas.