Aneel anuncia bandeira tarifária amarela para dezembro: alívio de R$ 2,58 a cada 100 kWh nas contas de luz
Decisão reflete chuvas previstas acima das de novembro, mas abaixo da média histórica; é a primeira vez desde 2019 que dezembro tem bandeira amarela, após vermelha patamar 1 em outubro e novembro
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou nesta quinta-feira (28) que a bandeira tarifária para dezembro de 2025 será amarela, trazendo alívio aos consumidores com um acréscimo de R$ 1,88 a cada 100 kWh consumidos – R$ 2,58 menos que a vermelha patamar 1 (R$ 4,46/100 kWh) aplicada em outubro e novembro. A mudança, que reduz o custo adicional nas contas de luz em cerca de 37%, ocorre com a chegada do período chuvoso, melhorando o cenário hidrológico, embora as precipitações previstas fiquem abaixo da média histórica. É a primeira vez desde 2019 que dezembro tem bandeira amarela, sinalizando uma leve recuperação na geração de energia, mas o uso contínuo de termelétricas mantém custos elevados.
A bandeira tarifária, mecanismo criado em 2015 para repassar aos consumidores os custos extras com geração em períodos de seca, reflete as condições do Sistema Interligado Nacional (SIN). Com chuvas acima das de novembro na maior parte do país, a Aneel optou pela amarela, mas alerta para desafios persistentes na matriz hidrelétrica, que responde por 60% da energia brasileira.
“Com a entrada do período chuvoso no país, a previsão de chuvas para dezembro é superior às chuvas que ocorreram em novembro, na maior parte do país. Contudo, essa expectativa de chuvas está, em geral, abaixo da sua média histórica para esse mês do ano”, explicou a Aneel em nota oficial.
Razões da mudança: chuvas melhoram, mas termelétricas seguem essenciais
A decisão baseia-se em previsões do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que indicam chuvas acima das de novembro, mas insuficientes para normalizar os reservatórios. O nível dos reservatórios do SIN está em 42,5% (fim de novembro), contra 68% em média histórica, forçando o uso de termelétricas – mais caras e poluentes. A bandeira amarela sinaliza condições "moderadamente desfavoráveis", enquanto a vermelha patamar 2 (R$ 9,14/100 kWh) seria para cenários críticos.
Comparativo recente:
| Mês | Bandeira | Custo adicional (R$/100 kWh) | Motivo principal |
|---|---|---|---|
| Setembro | Verde | R$ 0 | Reservatórios estáveis |
| Outubro | Vermelha patamar 1 | R$ 4,46 | Seca prolongada no Sul/Sudeste |
| Novembro | Vermelha patamar 1 | R$ 4,46 | Chuvas abaixo do esperado |
| Dezembro | Amarela | R$ 1,88 | Precipitações acima de novembro |
O mecanismo, que repassa 100% dos custos extras, impacta 60 milhões de consumidores residenciais.
Impactos nas contas de luz: economia média de R$ 10 para família típica
Para uma residência com consumo médio de 200 kWh/mês, a bandeira amarela representa um custo adicional de R$ 3,76, contra R$ 8,92 na vermelha – economia de R$ 5,16 por conta. No ano, as bandeiras custaram R$ 12 bilhões aos consumidores, segundo a Aneel. Especialistas como Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), alertam para riscos em 2026 se as chuvas decepcionarem.
A medida alivia o bolso em dezembro, mas o governo cobra investimentos em diversificação da matriz (eólica e solar subiram 20% em 2025). O Ministério de Minas e Energia (MME) reforça: "A bandeira amarela é um passo positivo, mas a dependência hidrelétrica exige planejamento".
Atualizações virão com o bimestre de janeiro de 2026.
