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Publicado: 11 de junho de 2025 às 08:46

Julgamento no STF: O Que Disse Bolsonaro e os Principais Depoimentos de Acusados de Tentativa de Golpe

Ex-presidente Jair Bolsonaro prestou depoimento no inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado. Veja os 4 principais pontos da fala e os momentos mais relevantes de outros investigados pelo STF.

Brasília – Num dos momentos mais aguardados da recente turbulência política no Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro compareceu à Polícia Federal para depor no inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado. A apuração, sob a batuta do STF, envolve tanto militares quanto ex-ministros e assessores do antigo governo.

A inquirição de Bolsonaro aconteceu sob um forte esquema de segurança e intensa movimentação nos bastidores da política. A seguir, trazemos os 4 pontos centrais do depoimento de Bolsonaro e os momentos cruciais de outros envolvidos no caso.

1. Negação de Envolvimento Direto no Golpe

Bolsonaro asseverou que jamais tomou parte na criação de qualquer plano que visasse uma ruptura institucional. Segundo o ex-presidente, não ocorreram reuniões com esse propósito, e ele tachou de “invenções” os documentos que sugerem um possível decreto de estado de sítio ou ação militar.

“Nunca aprovei ou incentivei qualquer ação que ferisse a Constituição”, declarou.

2. Sua Versão sobre os Encontros com Militares

O ex-presidente confirmou ter se reunido com militares durante seu mandato, mas argumentou que tratava de “questões administrativas e estratégicas” e negou qualquer conluio para alterar o resultado das eleições de 2022.

Apesar disso, áudios e vídeos já incorporados ao inquérito revelam conversas com teor golpista entre alguns de seus aliados mais próximos.

3. Justificativas sobre o Rascunho do Golpe

Questionado sobre o rascunho de decreto encontrado na residência de seu ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, Bolsonaro alegou desconhecer o documento e o descreveu como uma “fantasia jurídica sem valor legal”.

A PF, no entanto, alega que o conteúdo poderia ter servido de base para justificar uma intervenção.

4. Críticas ao STF e à Mídia

Em tom comedido, Bolsonaro evitou ataques diretos aos ministros do STF durante o depoimento, mas manteve suas críticas ao que qualifica como perseguição política e censura judicial. Ele também afirmou que “a liberdade de expressão está ameaçada” e que é vítima de um “processo político com verniz judicial”.

Outros Pontos-Chave dos Investigados

Anderson Torres (ex-ministro da Justiça): Afirmou que o rascunho encontrado em sua casa era “apenas um esboço não oficial” e que nunca foi tema de discussão formal com Bolsonaro.

Braga Netto (ex-ministro da Defesa): Declarou que “nunca concordou com qualquer medida fora da Constituição”, mas confirmou encontros frequentes com o presidente e outros generais da ativa e da reserva.

Valdemar Costa Neto (presidente do PL): Negou participação em tramas golpistas, mas admitiu que houve pressão interna no partido para questionar o resultado das urnas.

Coronel Mauro Cid (ex-ajudante de ordens): Considerado peça-chave na investigação, Cid tem feito colaborações parciais com a PF. Ele confirmou a existência de conversas estratégicas no período pós-eleitoral.

Reações Políticas e Próximos Desenvolvimentos

A fala de Bolsonaro gerou um grande impacto tanto nos parlamentares que apoiam o governo quanto nos da oposição. Ao passo que os seus apoiadores alegam que a apuração possui uma inclinação política, renomados juristas e defensores da democracia fazem questão de enfatizar a seriedade das denúncias, e insistem em uma punição que sirva de exemplo.

O ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do inquérito no STF, irá ponderar sobre as próximas etapas da investigação, levando em consideração os novos dados e os depoimentos que foram realizados. Acredita-se que novas apurações e suspensões de confidencialidade devem acontecer nas próximas semanas.