CBF conquista apoio de 16 clubes da Série A para implementar fair play financeiro
Projeto de sustentabilidade fiscal avança com adesão majoritária, mira práticas responsáveis e começa fase de elaboração de regras
CBF e o fair play financeiro: o que mudou?
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) obteve o apoio de 16 dos 20 clubes da Série A para avançar com a criação de um sistema de fair play financeiro, cujo objetivo é promover equilíbrio fiscal e responsabilidade no futebol nacional.
Quais clubes apoiam?
Atlético-MG, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Internacional, Juventude, Mirassol, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, Sport e Vitória assinaram documento manifestando interesse em uma regulação que alinhe gastos ao faturamento, controle dívidas e premie boas práticas. Bahia, São Paulo, Vasco e Botafogo não responderam formalmente.
Como será o modelo?
A CBF montou um grupo técnico formado por clubes, federações estaduais, especialistas em finanças e membros da própria entidade. Liderado pelo vice Ricardo Gluck Paul, o grupo tem 90 dias para elaborar a proposta do Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), que inclui:
- Limites de gastos proporcionais à receita.
- Quitação de dívidas e pendências trabalhistas e fiscais.
- Transparência contábil e auditorias periódicas.
- Punições por descumprimento, como vetos a inscrições e transferências.
- Implantação gradual, respeitando as realidades regionais e o momento de cada clube.
Por que isso importa agora?
Com dívidas de clubes nacionais elevando-se mais de 20% no último ano, ultrapassando R$ 14 bilhões, a medida passa a ser vista como necessária para evitar colapsos financeiros e garantir a saúde econômica do futebol brasileiro. Analistas alertam que, sem um sistema sólido, os investimentos descontrolados poderiam abrir uma "bolha" que prejudicaria tanto grandes quanto pequenos clubes.
Benefícios e desafios no horizonte
Vantagens esperadas:
- Sustentabilidade a médio e longo prazo.
- Competitividade justa entre clubes de diferentes tamanhos.
- Confiança de investidores e patrocinadores.
- Menor risco de atrasos salariais e pendências fiscais.
Desafios a enfrentar:
- Resistência de clubes com maior poder econômico.
- Equilíbrio entre flexibilização e rigor.
- Criação de sistema de monitoramento eficaz e consenso entre blocos como Libra e LFU.
Próximos passos e cronograma
- Até junho: grupo técnico formado, com prazo de até 90 dias para propor o modelo SSF.
- Fase final: proposta será avaliada por CBF, federações e clubes.
- Possível implementação gradual em 2026, com aplicação inicial de regras e preparação para fiscalização rigorosa.
Conclusão
Com forte apoio de 80% dos clubes da Série A, a CBF avança em um projeto de fair play financeiro que visa colocar o futebol brasileiro em linha com as melhores práticas globais. O sucesso dependerá de diálogo entre clubes de diferentes perfis, implantação gradual e controle rigoroso. Se bem executado, o SSF pode trazer sustentabilidade, maior competitividade e credibilidade ao cenário nacional.