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Publicado: 18 de junho de 2025 às 10:37

CBF conquista apoio de 16 clubes da Série A para implementar fair play financeiro

Projeto de sustentabilidade fiscal avança com adesão majoritária, mira práticas responsáveis e começa fase de elaboração de regras

CBF e o fair play financeiro: o que mudou?

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) obteve o apoio de 16 dos 20 clubes da Série A para avançar com a criação de um sistema de fair play financeiro, cujo objetivo é promover equilíbrio fiscal e responsabilidade no futebol nacional.

Quais clubes apoiam?

Atlético-MG, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Fortaleza, Grêmio, Internacional, Juventude, Mirassol, Palmeiras, Red Bull Bragantino, Santos, Sport e Vitória assinaram documento manifestando interesse em uma regulação que alinhe gastos ao faturamento, controle dívidas e premie boas práticas. Bahia, São Paulo, Vasco e Botafogo não responderam formalmente.

Como será o modelo?

A CBF montou um grupo técnico formado por clubes, federações estaduais, especialistas em finanças e membros da própria entidade. Liderado pelo vice Ricardo Gluck Paul, o grupo tem 90 dias para elaborar a proposta do Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), que inclui:

  • Limites de gastos proporcionais à receita.
  • Quitação de dívidas e pendências trabalhistas e fiscais.
  • Transparência contábil e auditorias periódicas.
  • Punições por descumprimento, como vetos a inscrições e transferências.
  • Implantação gradual, respeitando as realidades regionais e o momento de cada clube.

Por que isso importa agora?

Com dívidas de clubes nacionais elevando-se mais de 20% no último ano, ultrapassando R$ 14 bilhões, a medida passa a ser vista como necessária para evitar colapsos financeiros e garantir a saúde econômica do futebol brasileiro. Analistas alertam que, sem um sistema sólido, os investimentos descontrolados poderiam abrir uma "bolha" que prejudicaria tanto grandes quanto pequenos clubes.

Benefícios e desafios no horizonte

Vantagens esperadas:

  • Sustentabilidade a médio e longo prazo.
  • Competitividade justa entre clubes de diferentes tamanhos.
  • Confiança de investidores e patrocinadores.
  • Menor risco de atrasos salariais e pendências fiscais.

Desafios a enfrentar:

  • Resistência de clubes com maior poder econômico.
  • Equilíbrio entre flexibilização e rigor.
  • Criação de sistema de monitoramento eficaz e consenso entre blocos como Libra e LFU.

Próximos passos e cronograma

  • Até junho: grupo técnico formado, com prazo de até 90 dias para propor o modelo SSF.
  • Fase final: proposta será avaliada por CBF, federações e clubes.
  • Possível implementação gradual em 2026, com aplicação inicial de regras e preparação para fiscalização rigorosa.

Conclusão

Com forte apoio de 80% dos clubes da Série A, a CBF avança em um projeto de fair play financeiro que visa colocar o futebol brasileiro em linha com as melhores práticas globais. O sucesso dependerá de diálogo entre clubes de diferentes perfis, implantação gradual e controle rigoroso. Se bem executado, o SSF pode trazer sustentabilidade, maior competitividade e credibilidade ao cenário nacional.