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Publicado: 04 de julho de 2025 às 08:44

Análise: Pobres Contra Ricos Impulsiona Popularidade, Leva Conflito às Ruas e Divide o Governo

Estratégia do PT Ganha Apoio Popular, Mas Gera Rupturas Internas e Tensão com o Congresso

A campanha "pobres contra ricos", lançada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e endossada pelo governo Lula, tem gerado impactos significativos no cenário político brasileiro desde julho de 2025. Com foco na taxação de bilionários, bancos e apostas (a chamada "taxação BBB"), a estratégia busca reposicionar o governo diante de derrotas no Congresso, como a derrubada do aumento do IOF, e preparar o terreno para as eleições de 2026. Dados internos do Planalto indicam um aumento de cinco pontos percentuais na popularidade de Lula, mas a iniciativa também expôs divisões internas e levou o conflito para as ruas, desafiando a coesão governista.

Impacto na Popularidade

Pesquisas internas do governo revelam que o discurso de justiça tributária ressoou entre os eleitores, especialmente os mais pobres, elevando a aprovação de Lula em um contexto de tensões fiscais. A narrativa de combate aos privilégios dos ricos, amplificada por vídeos com inteligência artificial e postagens de ministros como Fernando Haddad e Anielle Franco, ganhou tração nas redes sociais. Manifestações de rua, como a ocupação da sede do Itaú por militantes, reforçam o engajamento popular, com faixas como "Taxação dos super-ricos já" ecoando a mensagem oficial. No entanto, há receio no Planalto de que o movimento escape ao controle, potencialmente alienando setores conservadores e complicando negociações com o Congresso.

Conflito nas Ruas e Divisão Interna

A campanha transcendeu o ambiente digital, com atos organizados por aliados como Guilherme Boulos, que celebrou a mobilização como um "recado claro" pela justiça tributária. Essa escalada, porém, gerou desconforto dentro do governo. Ministros como Gleisi Hoffmann defendem um diálogo com o Congresso para evitar rupturas, enquanto outros, como os da ala mais ideológica, pressionam por intensificar o confronto. A crítica de Hugo Motta, presidente da Câmara, de que "quem alimenta o nós contra eles acaba governando contra todos", reflete a tensão com o Legislativo, que se sente alvo de uma narrativa que o pinta como defensor dos ricos. Essa polarização interna ameaça pautas prioritárias, como a isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil.

Desafios e Perspectivas

Embora a campanha tenha furado a bolha da esquerda e mobilizado apoiadores, analistas apontam riscos. A oposição a chama de "fórmula gasta", sugerindo que pode perder força se não vier acompanhada de resultados concretos, como a aprovação da reforma tributária. Além disso, a dependência de redes sociais e influenciadores expõe o governo a narrativas contrárias, enquanto a falta de equilíbrio fiscal pode minar a credibilidade da proposta. Para 2026, o sucesso da estratégia dependerá de manter o apoio popular sem sacrificar alianças políticas, um equilíbrio delicado que divide o governo entre pragmatismo e radicalização.