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Publicado: 29 de outubro de 2025 às 16:29

Senado Americano Aprova Revogação de Tarifas de 50% Sobre Produtos Brasileiros: Texto Segue para Câmara

O Senado dos EUA aprovou uma resolução para revogar as tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre importações brasileiras, com 52 votos a favor e 48 contra, derrubando a declaração de emergência que as justificava.

O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta segunda-feira (28/10/2025) uma resolução para revogar as tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros, marcando uma vitória simbólica dos democratas e um raro rompimento de cinco senadores republicanos. A votação, por 52 a 48, derruba a declaração de emergência de julho de 2025 que embasava as medidas, usadas por Trump para pressionar o Brasil por suposto déficit comercial e questões políticas, como a "censura" contra Jair Bolsonaro. O texto, patrocinado pelo senador Tim Kaine (Democrata-VA), segue para a Câmara dos Representantes, onde republicanos controlam procedimentos que podem bloquear sua tramitação. Apesar do otimismo de Kaine, analistas preveem dificuldades, mas veem o resultado como um freio ao unilateralismo comercial de Trump, que afeta US$ 30 bilhões em exportações brasileiras anuais.

A aprovação ocorre em meio a negociações bilaterais, com Lula e Trump se reunindo na Malásia em 26/10/2025, onde o brasileiro pediu suspensão das tarifas durante diálogos. Trump, que as impôs em agosto, defendeu-as como "nívelamento do campo de jogo", mas a votação expõe fissuras no GOP.

Detalhes da Votação e Rompimento Republicano

A resolução, primeira de três votadas pelos democratas sobre tarifas (as próximas contra Canadá e global), passou com apoio de cinco republicanos: Rand Paul (KY), Susan Collins (ME), Lisa Murkowski (AK), Mitch McConnell (KY) e Thom Tillis (NC). Paul criticou: "Emergências são para guerras ou tornados, não para tarifas que você não gosta. É abuso de poder, e o Congresso abdica de seu papel fiscal."

McConnell, ex-líder GOP, afirmou: "Tarifas encarecem construção e compras nos EUA. Danos de guerras comerciais são a regra na história, não exceção." Kaine questionou: "Vamos permitir que o presidente assuma poderes do Congresso para comércio, guerra ou apropriações?"

Contra: Mike Rounds (Dakota do Sul) chamou de "projeto político", e John Hoeven (Dakota do Norte) defendeu "melhores termos comerciais" apesar de "solavancos" iniciais.

  • Votação: 52-48; cinco republicanos cruzam o aisle.
  • Contexto: Tarifas desde agosto; reunião Trump-Lula em 26/10 sem revogação.
  • Próximo: Câmara, com obstruções republicanas.

 

Senador RepublicanoEstadoVotoRazão
Rand PaulKentuckyA FavorAbuso de emergência
Susan CollinsMaineA FavorEquilíbrio de poderes
Lisa MurkowskiAlaskaA FavorImpactos econômicos
Mitch McConnellKentuckyA FavorHistória de guerras comerciais
Thom TillisCarolina do NorteA FavorPreocupações fiscais

Foto: Tim Kaine no Senado durante debate - Arquivo Poder360

Implicações para Brasil e EUA

Para o Brasil, as tarifas de 50% (base 10% + 40% adicional) custam US$ 30 bilhões anuais em exportações de soja, aço e carne, afetando 150 mil empregos. A revogação aliviaria 18% do comércio bilateral (US$ 100 bi), segundo Mdic. Lula pediu suspensão na Malásia, mas Trump manteve, elogiando "bom relacionamento" sem concessões.

Nos EUA, as tarifas elevam custos de construção e bens de consumo, com McConnell alertando para "danos econômicos". A votação sinaliza rebelião GOP contra Trump, que usa emergências para tarifas, enfraquecendo sua autoridade. Kaine vê como defesa de poderes congressionais.

  • Econômico Brasil: +US$ 4,5 bi se revogado; setores como soja (Mato Grosso) beneficiados.
  • EUA: Preços internos sobem 5-10%; risco de retaliação brasileira.

Analistas preveem aprovação na Câmara improvável, mas pressão para negociações.

Contexto: Tarifas de Trump e Relações Bilaterais

As tarifas, anunciadas em julho e vigentes desde agosto, respondem a déficit alegado de US$ 10 bi (contestada por superávit de US$ 5 bi em serviços). Trump vinculou a "censura" a Bolsonaro e liberdade de expressão. Reunião Trump-Lula (26/10) foi "amistosa", com instruções para diálogos técnicos.

Democratas usam votações para desafiar Trump antes da posse em janeiro de 2026. McConnell apoia resoluções adicionais.

Perspectivas: Um Freio ao Unilateralismo?

A aprovação pressiona Trump a negociar, mas Câmara republicana pode bloquear. Para o Brasil, é alívio parcial; Lula busca revogação total. Especialistas como Monica de Bolle veem "vitória simbólica" que expõe divisões GOP.