Senado Americano Aprova Revogação de Tarifas de 50% Sobre Produtos Brasileiros: Texto Segue para Câmara
O Senado dos EUA aprovou uma resolução para revogar as tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre importações brasileiras, com 52 votos a favor e 48 contra, derrubando a declaração de emergência que as justificava.
O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta segunda-feira (28/10/2025) uma resolução para revogar as tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros, marcando uma vitória simbólica dos democratas e um raro rompimento de cinco senadores republicanos. A votação, por 52 a 48, derruba a declaração de emergência de julho de 2025 que embasava as medidas, usadas por Trump para pressionar o Brasil por suposto déficit comercial e questões políticas, como a "censura" contra Jair Bolsonaro. O texto, patrocinado pelo senador Tim Kaine (Democrata-VA), segue para a Câmara dos Representantes, onde republicanos controlam procedimentos que podem bloquear sua tramitação. Apesar do otimismo de Kaine, analistas preveem dificuldades, mas veem o resultado como um freio ao unilateralismo comercial de Trump, que afeta US$ 30 bilhões em exportações brasileiras anuais.
A aprovação ocorre em meio a negociações bilaterais, com Lula e Trump se reunindo na Malásia em 26/10/2025, onde o brasileiro pediu suspensão das tarifas durante diálogos. Trump, que as impôs em agosto, defendeu-as como "nívelamento do campo de jogo", mas a votação expõe fissuras no GOP.
Detalhes da Votação e Rompimento Republicano
A resolução, primeira de três votadas pelos democratas sobre tarifas (as próximas contra Canadá e global), passou com apoio de cinco republicanos: Rand Paul (KY), Susan Collins (ME), Lisa Murkowski (AK), Mitch McConnell (KY) e Thom Tillis (NC). Paul criticou: "Emergências são para guerras ou tornados, não para tarifas que você não gosta. É abuso de poder, e o Congresso abdica de seu papel fiscal."
McConnell, ex-líder GOP, afirmou: "Tarifas encarecem construção e compras nos EUA. Danos de guerras comerciais são a regra na história, não exceção." Kaine questionou: "Vamos permitir que o presidente assuma poderes do Congresso para comércio, guerra ou apropriações?"
Contra: Mike Rounds (Dakota do Sul) chamou de "projeto político", e John Hoeven (Dakota do Norte) defendeu "melhores termos comerciais" apesar de "solavancos" iniciais.
- Votação: 52-48; cinco republicanos cruzam o aisle.
- Contexto: Tarifas desde agosto; reunião Trump-Lula em 26/10 sem revogação.
- Próximo: Câmara, com obstruções republicanas.
| Senador Republicano | Estado | Voto | Razão |
|---|---|---|---|
| Rand Paul | Kentucky | A Favor | Abuso de emergência |
| Susan Collins | Maine | A Favor | Equilíbrio de poderes |
| Lisa Murkowski | Alaska | A Favor | Impactos econômicos |
| Mitch McConnell | Kentucky | A Favor | História de guerras comerciais |
| Thom Tillis | Carolina do Norte | A Favor | Preocupações fiscais |
Foto: Tim Kaine no Senado durante debate - Arquivo Poder360
Implicações para Brasil e EUA
Para o Brasil, as tarifas de 50% (base 10% + 40% adicional) custam US$ 30 bilhões anuais em exportações de soja, aço e carne, afetando 150 mil empregos. A revogação aliviaria 18% do comércio bilateral (US$ 100 bi), segundo Mdic. Lula pediu suspensão na Malásia, mas Trump manteve, elogiando "bom relacionamento" sem concessões.
Nos EUA, as tarifas elevam custos de construção e bens de consumo, com McConnell alertando para "danos econômicos". A votação sinaliza rebelião GOP contra Trump, que usa emergências para tarifas, enfraquecendo sua autoridade. Kaine vê como defesa de poderes congressionais.
- Econômico Brasil: +US$ 4,5 bi se revogado; setores como soja (Mato Grosso) beneficiados.
- EUA: Preços internos sobem 5-10%; risco de retaliação brasileira.
Analistas preveem aprovação na Câmara improvável, mas pressão para negociações.
Contexto: Tarifas de Trump e Relações Bilaterais
As tarifas, anunciadas em julho e vigentes desde agosto, respondem a déficit alegado de US$ 10 bi (contestada por superávit de US$ 5 bi em serviços). Trump vinculou a "censura" a Bolsonaro e liberdade de expressão. Reunião Trump-Lula (26/10) foi "amistosa", com instruções para diálogos técnicos.
Democratas usam votações para desafiar Trump antes da posse em janeiro de 2026. McConnell apoia resoluções adicionais.
Perspectivas: Um Freio ao Unilateralismo?
A aprovação pressiona Trump a negociar, mas Câmara republicana pode bloquear. Para o Brasil, é alívio parcial; Lula busca revogação total. Especialistas como Monica de Bolle veem "vitória simbólica" que expõe divisões GOP.
