COP30: ONU envia carta crítica ao governo Lula e cobra melhorias urgentes em segurança e infraestrutura em Belém
Manifestantes quase invadem área restrita; problemas incluem ar-condicionado insuficiente, alagamentos e falhas em portas, mas governo rebate e anuncia reforços
A Organização das Nações Unidas (ONU) enviou uma carta ao governo brasileiro criticando duramente a organização da COP30, conferência sobre mudanças climáticas em Belém (PA), e exigindo ações imediatas para corrigir falhas de segurança e infraestrutura. O documento, assinado pelo secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Simon Stiell, foi direcionado ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, e ao presidente da COP30, André Corrêa do Lago.
A missiva, revelada pela imprensa internacional nesta quinta-feira (13), surge após um incidente na terça (11), quando manifestantes da Marcha Global de Saúde e Clima quase invadiram a Zona Azul (área de negociações diplomáticas). Ativistas ultrapassaram raio X, quebraram portas e feriram um segurança, mas foram contidos por barreiras internas. Stiell descreveu o episódio como uma "grave violação da estrutura de segurança", citando portas desprotegidas, efetivo policial insuficiente e falta de resposta das autoridades federais e estaduais, apesar de acordos prévios.
“As forças de segurança estavam presentes, mas não agiram conforme o plano estabelecido”, alertou Stiell na carta, exigindo um plano imediato de correções para evitar riscos a delegados e equipe.
Críticas à infraestrutura: calor e alagamentos preocupam
Além da segurança, a ONU apontou altas temperaturas no pavilhão principal (Hangar Convention Center), com ar-condicionado inadequado, causando problemas de saúde entre participantes. Tempestades recentes agravaram o quadro, com água infiltrando tetos e luminárias, gerando risco de choques elétricos e banheiros interditados. Stiell cobrou "intervenção imediata" para salvaguardar o bem-estar, destacando que Belém enfrenta chuvas constantes nessa época.
Meses antes da COP30, dezenas de negociadores já haviam enviado uma carta a Lula e Stiell pedindo transferência parcial do evento para outra cidade, citando altos custos de hospedagem e limitações logísticas em Belém. O governo manteve a sede na capital paraense, com Lula chamando a escolha de "ato de coragem" para debater a Amazônia.
Resposta do governo: UNDSS é responsável pela segurança interna
A Casa Civil rebateu as críticas em nota oficial, afirmando que a segurança interna da COP30 é gerenciada pelo Departamento de Nações Unidas para Segurança e Proteção (UNDSS), que define protocolos para áreas restritas. O governo destacou que todas as solicitações da ONU foram atendidas, incluindo uma reavaliação conjunta na quarta (12) com UNDSS, que ampliou perímetros e instalou gradis e barreiras metálicas em pontos vulneráveis.
Sobre infraestrutura:
- Ar-condicionado: Novos aparelhos foram instalados e estão operando.
- Alagamentos: Negados como "inundações"; foram apenas goteiras em calhas do Mídia Center e Posto de Saúde 2, já reparadas com vedação.
Uma reunião entre UNFCCC e organizadores brasileiros ocorreu na quinta (13) para alinhar soluções, com foco em refrigeração adicional até o fim do dia. Um porta-voz da UNFCCC minimizou: "Medidas rápidas foram tomadas, e a COP30 prossegue bem e no cronograma".
Contexto e impacto
A COP30, que começou na segunda (10) e vai até 21 de novembro, reúne mais de 70 mil participantes para discutir metas climáticas globais. O incidente com manifestantes – negado como "ato de resistência" pelos organizadores indígenas – expôs tensões, mas não interrompeu as negociações. Analistas veem a carta como pressão para que o Brasil, como anfitrião, garanta profissionalismo e inclusão, essenciais para avanços como financiamento climático (o BID anunciou US$ 6 bi nessa área).
Stiell concluiu: "Nosso objetivo é que a COP30 reflita a importância global da conferência".
