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Publicado: 14 de novembro de 2025 às 09:56

Mais de 140 alunos da Univasf relatam sintomas de intoxicação após almoço no restaurante universitário de Juazeiro (BA)

Universidade investiga surto de mal-estar gastrointestinal; Vigilância Sanitária coleta amostras e relatório de setembro já apontava riscos em higiene e armazenamento

Pelo menos 142 estudantes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), no campus de Juazeiro (BA), relataram sintomas de intoxicação alimentar após o almoço servido no Restaurante Universitário na terça-feira (11). Os alunos, que sofreram com dor abdominal, náuseas, vômitos e mal-estar, organizaram uma lista com nomes e sintomas em um grupo de WhatsApp e entregaram um ofício à coordenação, cobrando providências imediatas.

A Univasf, por meio da Coordenação Geral dos Restaurantes Universitários e da equipe de nutrição, iniciou uma apuração técnica, notificando a empresa terceirizada BR ALL Alimentação e Serviços LTDA, responsável pelo serviço. A companhia tem 72 horas para apresentar um laudo preliminar com análise de amostras das refeições e relatório sobre o ocorrido. O restaurante continuou operando normalmente, mas sob fiscalização reforçada.

“Gostaríamos de reafirmar a seriedade com que este fato está sendo tratado, dada a gravidade e o potencial impacto na saúde de nossa comunidade acadêmica”, diz nota oficial da universidade.

A Secretaria Municipal de Saúde de Juazeiro (Sesau), via Vigilância Sanitária, também entrou em ação: técnicos realizaram busca ativa entre os afetados, coletaram amostras biológicas e de água, e inspecionaram o local, emitindo orientações para prevenir novas contaminações.

Histórico de irregularidades: relatório de setembro alertava para riscos

Um relatório interno da Univasf, elaborado entre 21 de agosto e 20 de setembro de 2025, já havia identificado falhas graves no Restaurante Universitário de Juazeiro. O documento, produzido por servidores da instituição, registrou:

  • Presença de contaminantes (físicos, químicos ou biológicos) nos alimentos;
  • Uso de produtos sem procedência para higienização de hortaliças;
  • Armazenamento inadequado de itens congelados;
  • Ocorrência de surto de Doença Transmitida por Alimentos (DTA) zerada na época, mas com "riscos potenciais" observados.

A universidade reforça que a responsabilidade pela qualidade e segurança alimentar é exclusiva da contratada, e que "todas as medidas cabíveis serão aplicadas para garantir o cumprimento do contrato". Novas atualizações serão divulgadas após a conclusão da investigação.

“Nós prezamos pela nossa segurança alimentar, vemos isso como um direito e esperamos resposta da empresa responsável”, afirmou o estudante João Victor Tupiná, um dos afetados.

O que fazer em casos de suspeita de intoxicação

Sintomas como os relatados surgem geralmente 2 a 48 horas após a ingestão de alimentos contaminados (bactérias como Salmonella ou E. coli). Recomenda-se:

  • Hidratação abundante (água, chás ou soro caseiro);
  • Repouso e alimentação leve;
  • Procura médica se houver febre alta, diarreia persistente ou desidratação.

A Anvisa e o Ministério da Saúde monitoram surtos em instituições públicas, e casos como esse podem levar a multas ou suspensão de contratos.