Negociações comerciais EUA-Brasil avançam: resposta ao tarifaço deve sair até próxima semana, diz Vieira após reunião com Rubio
Chanceler brasileiro se reúne pela 3ª vez com secretário de Estado americano em Washington; Trump sinaliza interesse em acordo provisório até fim de novembro, mas sanções a Moraes seguem fora da pauta
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quinta-feira (13) que os Estados Unidos analisarão com "toda atenção e todo tempo" a proposta brasileira para suspender o tarifaço de 50% sobre exportações do Brasil, enviada em 4 de novembro. Após uma reunião de 50 minutos com o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Washington, Vieira disse esperar uma resposta "amanhã ou na próxima semana".
O encontro, o terceiro presencial entre os chanceleres desde o início das negociações diretas em 6 de outubro, reforça o otimismo do governo Lula. Rubio teria relatado que o presidente Donald Trump demonstrou "intenção de resolver rapidamente" e manter "boa relação com o Brasil", elogiando o encontro com Lula na Malásia em 26 de outubro. Os dois líderes se falaram brevemente na quarta (12) durante o G7 em Niagara (Canadá).
“Rubio disse que estão examinando com toda a atenção e todo o tempo, que querem resolver rapidamente as questões bilaterais. A resposta virá muito rapidamente, amanhã ou na próxima semana”, afirmou Vieira a jornalistas, destacando um possível acordo provisório até o fim de novembro ou início de dezembro, como "mapa do caminho" para negociações amplas.
Contexto do tarifaço: 38 dias de impasse e impacto econômico
O tarifaço, imposto pela Casa Branca desde setembro de 2025, afeta itens como café (30,7% das importações americanas vêm do Brasil), carne e bananas, elevando custos para consumidores dos EUA e gerando déficit comercial bilateral de US$ 6,8 bilhões nos dez primeiros meses do ano – contra US$ 234 milhões em 2024.
A medida foi motivada pela insatisfação de Trump com o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e 3 meses por tentativa de golpe de Estado em ação relatada pelo ministro Alexandre de Moraes (STF). O Brasil busca revogar as tarifas e sanções a autoridades como Moraes (proibido de transações financeiras via empresas americanas sob a Lei Magnitsky), mas o Planalto afirma que o tema judicial está "fora da mesa".
Rubio enfatizou "reciprocidade" na relação comercial, discutindo temas de "interesse mútuo" em postagem no X (antigo Twitter), ao lado de foto com Vieira.
Linha do tempo das negociações
As tratativas, iniciadas por telefonema entre Lula e Trump em 6 de outubro, ganharam ímpeto após o G20 na Malásia. Veja os marcos principais:
| Data | Evento |
|---|---|
| 6/out/2025 | Telefone Lula-Trump inicia negociações diretas. |
| 16/out/2025 | Reunião técnica: EUA enviam lista de temas; Brasil responde em 4/nov. |
| 26/out/2025 | Encontro Lula-Trump em Kuala Lumpur; expectativa de anúncio, mas adiado. |
| 12/nov/2025 | Breve conversa Lula-Trump no G7 (Canadá). |
| 13/nov/2025 | 3ª reunião Vieira-Rubio em Washington; proposta brasileira em análise. |
| Até 20/nov/2025 | Espera-se acordo provisório. |
O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, indicou "anúncios substanciais" para reduzir preços de itens como café, sinalizando alívio iminente.
Analistas veem otimismo, mas alertam para obstáculos como eleições americanas de meio de mandato em 2026. Atualizações serão divulgadas conforme avanços.
