Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, deixa prisão em Guarulhos com tornozeleira eletrônica após decisão da Justiça
Desembargadora do TRF-1 libera cinco executivos com restrições; Vorcaro foi preso em 17 de novembro ao tentar fugir para Dubai, em meio a fraudes de R$ 12 bilhões no banco
O empresário Daniel Vorcaro, proprietário e controlador do Banco Master, deixou a prisão na manhã de sábado (29), por volta das 11h40, após decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) que concedeu liberdade provisória com medidas cautelares. A soltura ocorreu no Centro de Detenção Provisória 2 (CDP 2) de Guarulhos (SP), onde Vorcaro estava detido desde 24 de novembro. A medida beneficiou outros quatro executivos do banco: Augusto Ferreira Lima (ex-CEO e sócio), Luiz Antônio Bull (diretor de Riscos, Compliance, RH, Operações e Tecnologia), Alberto Felix de Oliveira Neto (superintendente executivo de Tesouraria) e Ângelo Antônio Ribeiro da Silva (sócio). Vorcaro foi preso em flagrante em 17 de novembro, no Aeroporto de Guarulhos, ao tentar embarcar para Dubai.
A decisão, proferida na sexta-feira (28) pela desembargadora Solange Salgado da Silva, argumenta que, apesar da gravidade dos fatos e do montante envolvido, medidas alternativas à prisão são suficientes para acautelar a sociedade, prevenir reiteração delitiva e garantir a ordem econômica. A defesa de Vorcaro recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), alegando ilegalidade na prisão e ausência de riscos concretos, com o ministro Dias Toffoli como relator – sem data para julgamento.
“Embora a gravidade dos fatos e o montante envolvido sejam elevados, as medidas cautelares impostas são suficientes para acautelar a sociedade, prevenir reiteração delitiva e garantir a ordem econômica”, escreveu a desembargadora na decisão.
Condições da soltura: tornozeleira e proibições rigorosas
Os cinco executivos foram liberados com restrições impostas pela Justiça, monitoradas pelo Centro de Controle e Operações Penitenciárias da Polícia Penal de São Paulo (SAP). As principais condições incluem:
| Medida cautelar | Detalhes |
|---|---|
| Tornozeleira eletrônica | Uso obrigatório, com monitoramento contínuo pela SAP |
| Comparecimento periódico | Apresentação à Justiça em datas definidas |
| Proibição de contato | Sem comunicação entre os soltos, com investigados, testemunhas, funcionários e ex-funcionários do BRB e Master (incluindo por telefone, internet ou intermediários) |
| Restrição de saída | Impossibilidade de deixar o município sem autorização judicial |
| Entrega de passaportes | Já realizada na semana anterior; proibição de viagens internacionais |
A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) confirmou o cumprimento das condições e o monitoramento eletrônico para garantir o acatamento.
Contexto do escândalo: fraudes de R$ 12 bilhões e liquidação do banco
A prisão de Vorcaro ocorreu durante a Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF) em 17 de novembro, investigando corrupção, lavagem de dinheiro e estelionato no Banco Master. O esquema envolvia a venda de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) com promessas de rendimentos irrealistas (até 40% acima da taxa básica), sem lastro real em ativos, repassados ao Banco de Brasília (BRB), instituição pública do Distrito Federal. O golpe movimentou cerca de R$ 12 bilhões entre junho de 2024 e outubro de 2025.
Na mesma data da operação, o Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Master e a indisponibilidade de bens de controladores e ex-administradores, suspendendo negociações de venda ao consórcio Fictor Holding por R$ 2 bilhões. A defesa alega que a liquidação já acautela o quadro econômico, tornando a prisão desnecessária.
A PF cumpriu mandados de prisão contra Vorcaro e outros seis executivos, com buscas em cinco estados e no DF. O caso expõe fragilidades no setor financeiro, com risco ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que pode cobrir até R$ 250 mil por CPF em prejuízos.
