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Publicado: 27 de junho de 2025 às 10:42

Impasse Argentino sobre o Retorno das Tarifas de Exportação Ganha Força em 2025

Decisão Divide Governo e Setor Agropecuário em Meio a Crise Econômica

Nesta sexta-feira, 27 de junho de 2025, às 10h39 (horário de Brasília), a Argentina enfrentou um impasse crescente sobre o possível retorno das tarifas de exportação, conhecidas como "retenções", que haviam sido temporariamente restritas pelo governo de Javier Milei. A medida que visa equilibrar as finanças públicas em um ano marcado pela inflação persistente e instabilidade econômica, gerou forte resistência do setor agropecuário, um dos pilares da economia nacional. Enquanto o governo busca alternativas para cumprir as metas fiscais, os produtores e as entidades rurais alertam para os riscos de um retrocesso que podem prejudicar a competitividade internacional.

Contexto da Disputa

As tarifas de exportação, que incidem sobre produtos agrícolas como soja, milho e carne, foram reduzidas em janeiro de 2025 como parte de um pacote de incentivo ao agronegócio, com cortes temporários que beneficiam cultivos como soja (de 33% para 26%) e milho (de 12% para 9,5%). A decisão, anunciada em meio a uma seca severa, foi vista como um apoio ao setor, mas a situação fiscal do país, agravada por um déficit acumulado, levou o governo a considerar a volta das alíquotas anteriores a partir de 1º de julho. Essa possibilidade tem vitórias divididas, com o ministro da Economia, Luis Caputo, defendendo a medida como necessária, enquanto o campo a classifica como um golpe contra sua recuperação.

Reação do Setor Agropecuário

Produtores e entidades como a Sociedade Rural Argentina (SRA) e a Confederação Rural Argentina (CRA) manifestaram indignação, argumentando que o aumento das tarifas pode reduzir os lucros e desestimular investimentos em um momento de vulnerabilidade climática. A retomada das "retenções" a níveis anteriores, como os 33% para soja, seria percebida como um retorno às políticas intervencionistas que o governo Milei prometeu abandonar. Nas últimas semanas, manifestações e comunicados urgentes têm o governo a reconsiderar, com líderes rurais afirmando que o setor já contribui com interesse para o Tesouro nacional.

Perspectivas e Desafios

O governo enfrentou um dilema: manter as tarifas reduzidas pode comprometer a meta de déficit zero, enquanto aumenta o risco de um confronto com o agro, que responde por mais de 60% das exportações argentinas. Os analistas apontam que a decisão final pode depender de negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que monitora as reformas econômicas do país. Enquanto isso, o impasse cria incerteza, com o dólar subindo paralelamente e os preços internacionais das commodities oscilando, o que pode agravar a situação se a medida para romper sem consenso.

O Que Está em Jogo?

O retorno das tarifas de exportação coloca em xeque a relação entre o governo e o agronegócio, essencial para a economia argentina. Para os brasileiros, que competem diretamente no mercado global de grãos e carne, o distribuidor do impasse pode influenciar preços e exportações, especialmente em um contexto de comércio bilateral sensível. A resolução desse conflito será um teste para a capacidade de Milei equilibrar promessas de liberalização com as demandas fiscais.